O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se prepara para voltar ao mercado de debêntures simples de sua titularidade antes da virada do ano, provavelmente em novembro. A operação planejada é de uma colocação de R$ 1 bilhão destes títulos no mercado, com vencimento em cinco anos e corrigidos em parte pelo IPCA e em parte prefixada, apurou o Valor. A informação colhida junto a fontes da instituição é de que o banco já entrou com pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Esta tranche de R$ 1 bilhão integra um programa de emissão de debêntures de sua titularidade R$ 6 bilhões que o banco formatou em 2008 e foi aprovado pela CVM. O programa de debêntures poderá ser esgotado em até dois anos, a serem completados em julho de 2010, segundo prospecto do órgão regulador do mercado de capitais.
Tudo indica, pois, que se esta primeira operação for bem-sucedida, o BNDES poderá voltar ao mercado em 2010 para tentar colocar os restantes R$ 5 bilhões de debêntures em duas ou três tranches até julho, dependendo do mercado.
Em julho do ano passado, devido à turbulência que derrubou o mercado financeiro em todo o mundo, o BNDES por cautela cancelou o lançamento de uma emissão de R$ 1,5 bilhão de debêntures simples no mercado doméstico, também impactado pelo tsunami global. Agora, o banco volta a retomar operação semelhante. Este lançamento em preparação visa principalmente ajudar a precificar o mercado de debêntures. Os recursos vão reforçar o caixa do BNDES.
O que ainda não se sabe sobre esta nova operação é se ela, como a que estava planejada e foi suspensa em 2008, será voltada também para investidores do varejo. Na ocasião, o lançamento dos títulos era destinado em parte a investidores qualificados e a investidores pessoa física, o que foi considerado uma inovação importante neste mercado.
Em 2006, o BNDES lançou US$ 600 milhões em debêntures no mercado com vencimento em 2012. Os títulos eram corrigidos pelo IPCA. Em julho de 2007, o banco colocou R$ 1,5 bilhão em debêntures com uma parte dos títulos com correção indexada ao IPCA e outra parte prefixada. Esta última vence em 2011 e a corrigida pelo IPCA, em 2013.
Com a perspectiva de desembolsar este ano mais de R$ 106 bilhões, o banco está buscando se capitalizar para 2010, quando as expectativas são de liberar recursos entre R$ 110 bilhões a R$ 120 bilhões. Além de tentar recorrer novamente ao Tesouro, como fez este ano, quando seu controlador (o Tesouro) lhe repassou R$ 100 bilhões, o banco vai procurar fazer mais operações no mercado de capitais e de renda fixa e, neste caso, pensa priorizar as operações com debêntures, segundo a área de mercado de capitais do BNDES.
No ano passado, o banco emitiu com sucesso US$ 1 bilhão de bônus de 10 anos no mercado internacional. Este ano fez operação semelhante, com bônus também de 10 anos. Também planeja trabalhar com captação de recursos via fundos de investimento lá fora e aqui dentro. Para reforçar seu caixa, quer também lançar títulos no mercado doméstico, como se prepara para fazer ainda neste último trimestre de 2009.