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Clippings - 26/07/11

Microgeração eólica atrai investidores e começa a se tornar realidade no país

Primeiros investidores da área esperam ainda neste ano regulamentação para alavancar negócios.

Gerar a própria energia elétrica de forma limpa, econômica e independente. A microgeração com turbinas eólicas de pequeno porte ou painéis solares já é comum em países como os Estados Unidos e a Alemanha. No Brasil, a tecnologia começa a dar seus primeiros passos. Ainda neste mês, o País deve avançar um pouco mais, com o início da produção daqueles que serão os primeiros aerogeradores desse tipo em solo nacional. A THS.Machines promete máquinas 100% brasileiras para trazer menores custos e maior competitividade para os investimentos na área.

O sócio-diretor da empresa, José Eduardo Oliveira, explica que vinha realizando pesquisas sobre o tema há quatro anos. “No ano passado começamos o processo de fabricação das máquinas no porte de 2.5Kw e, a partir desse mês, começaremos a comercialização”. Segundo Oliveira, a grande vantagem estará no preço. “O sistema completo, com uma torre de 10 metros, banco de baterias, turbina de 2.5Kw, inversores etc. vai custar algo em torno de R$23 mil.” Ele garante que, com ventos bons, de 14 metros por segundo, suas máquinas podem gerar até 1Kwh por mês. “Uma casa de mais ou menos 300 metros quadrados consome algo em torno de 250Wh/mês. Em um condomínio, já atenderia quatro casas”, calcula o executivo.

O diretor afirma que a ideia é produzir 300 aerogeradores por ano, uma média de 20 unidades por mês. “Esse é o nosso plano de partida numa visão pessimista”, aponta. Caso o planos da THS. Machines se efetive, pode ajudar a resolver um dos principais problemas desse mercado: o custo. De acordo com Eduardo Konze, sócio-diretor da Energia Pura, empresa especializada em microgeração, o valor para a instalação de uma rede hoje está próximo dos R$40 mil. As turbinas de 2.4Kw utilizados pela empresa de Konze são importadas dos Estados Unidos, por meio da Southwest Wind Power – afiliada da GE. “Esse mercado está em grande expansão. Isso reflete nas nossas vendas. Nos últimos três anos, tivemos um crescimento de 50%”, garante Konze. Recentemente a empresa instalou um aerogerador em uma agência bancária no Maranhão, além de ter implantado as mini turbinas em condomínios.

Konze lembra que esse mercado ainda pode crescer muito mais por aqui, assim que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentar a venda dos excedentes gerados à rede das concessionárias de distribuição de energia. Outro assunto aguardado são as definições para o uso dos medidores inteligentes, que possibilitariam a adoção dos sistemas conhecidos como smart grids. Ambos os temas já passaram por consulta pública em 2010, e a expectativa é que comecem a sair do papel ainda este ano. “Isso certamente vai alavancar o setor, porque toca no bolso do consumidor. Ele não teria só a geração de energia, mas também de dinheiro”, brinca Konze.

Bruno Alem Gómez, do departamento de desenvolvimento de projetos da FC Solar, concorda que a possibilidade da venda de excedentes à rede ira alavancar o mercado de microgeração. “A procura está sendo muito grande, tanto na geração eólica quanto na solar. A microgeração eólica, por exemplo, teve um crescimento mundial de 27% em relação a 2010”, afirma. Gómez revela que, conforme a demanda for crescendo, a ideia da FC Solar é começar a fabricar os aerogeradores no Brasil. Atualmente, a empresa fabrica suas máquinas na Espanha.

Gómez ainda faz questão de destacar que, apesar do investimento ser um pouco alto, no caso da instalação de equipamentos para uso residencial, os aerogeradores têm grande durabilidade, além de pouca necessidade de manutenção. “A vida útil dessas máquinas pode ultrapassar 25 anos, sendo que a única manutenção seria a troca dos rolamentos, feita a cada seis ou sete anos”.

Outro tema que incentivaria os consumidores a gerar sua própria energia seriam políticas fiscais para esse tipo de geração. “Nos Estados Unidos quem passa a gerar sua própria energia tem um desconto de 30% no imposto de renda. É claro que isso também é uma questão cultural, mas acredito que isso comece também por aqui”, destaca Oliveira, sócio-diretor da THS. Machines.