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Clippings - 05/07/13

MMX vai suspender parte da sua produção

A MMX, braço de mineração do grupo EBX, do empresário Eike Batista, deu seu primeiro passo no processo de reestruturação ontem. A empresa anunciou a suspensão por seis meses da produção de minério de ferro em sua unidade de Corumbá (Mato Grosso do Sul). A decisão atende à orientação das consultorias que estão assessorando o conglomerado de Eike: enxugar as operações do grupo, diminuir o tamanho das empresas e melhorar a gestão. No caso da MMX, a ideia é focar as operações na mina de Serra Azul (MG) e no Porto do Sudeste, em Itaguaí (RJ), que podem ser vendidos dentro de um mesmo pacote. Segundo fontes, as negociações estão mais avançadas com as tradings suíça Glencore e holandesa Trafigura.

Em nota, a MMX afirmou que, com a suspensão temporária da produção em Corumbá, está reforçando sua estratégia de otimização na alocação de capital e maximização de valor para os seus acionistas. Ela disse ainda que possui estoque para atendimento a todos os contratos comerciais firmados e que a decisão resultou em ajuste no número de postos de trabalho. A empresa não informou o número de demitidos.

Em 2012, o sistema Corumbá produziu cerca de 1,4 milhão de toneladas de minério de ferro, enquanto Serra Azul produziu 6 milhões de toneladas. O escoamento da produção de Corumbá é feito por barcaças, carregadas no Porto de Ladário, a cerca de 20 km da mina da MMX. O carregamento segue pelo Rio Paraguai até o Porto de Maripasa, na Argentina, de onde o minério é embarcado em navios e segue para clientes do mercado externo, principalmente da Europa e China.

Em Serra Azul, a logística de escoamento é mais complicada. Para levar o minério de Minas Gerais para o Porto do Sudeste, no Rio, ele tem que seguir por ferrovia. Um contrato entre a MRS e a MMX foi firmado no fim de 2011, para fechar essa lacuna. Mas os termos do contrato não estão agradando os potenciais investidores, o que vem dificultando as negociações.

– O baixo valor das propostas recebidas até agora pode ser equacionado. O contrato com a MRS é mais complexo – disse uma fonte a par das conversas.

A Glencore e a Trafigura estão no olho do Porto do Sudeste, considerado o ativo mais valioso da MMX, e chegaram a fazer ofertas exclusivamente pelo porto. Segundo fontes ligadas às negociações, Eike considerou os valores baixos e vem insistindo em vender o pacote completo: mina, porto e contrato com a MRS. Ele sabe que, se vender apenas o porto, ficará de mãos atadas em Serra Azul.

Hoje, todas as mineradoras da região são reféns da logística de escoamento. Como o Porto do Sudeste ainda não ficou pronto, a própria MMX depende de janelas abertas para movimentação de cargas de terceiros por Vale e CSN em seus terminais portuários, em Itaguaí. São feitos dois leilões por ano e quem ganha tem o direito de exportar um determinado volume de minério. A MMX já garantiu a exportação de 2,5 milhões de toneladas este ano nos leilões. O resto será vendido no mercado interno.

O mesmo problema enfrentam Arcelor Mittal e Usiminas, siderúrgicas que decidiram investir na mineração e compraram minas em Serra Azul. Por isso, essas empresas também passaram a olhar os ativos da MMX, como uma alternativa para o escoamento para seu minério. Nenhuma delas confirma conversas.

Outro ponto de divergência com investidores é a viabilidade do projeto de expansão de Serra Azul, para 29 milhões de toneladas. O projeto enchia os olhos dos acionistas, mas a dificuldade de obter a licença ambiental para uma barragem de rejeitos o torna praticamente inviável. Originalmente, o início da produção da usina de beneficiamento que permitiria a expansão da mina estava previsto para 2014. A MMX já admitiu atrasos no projeto e diz que o está revisando.

Na argumentação com potencias investidores, Eike também tem pesado a importância estratégica da usina para a região. Ela será a primeira em Serra Azul com capacidade para processar um tipo de minério chamado itabiritos compacto. Hoje, esse minério não é aproveitado pelas mineradoras locais por falta de tecnologia.