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Clippings - 25/09/09

Modal ferroviário é a opção correta

É fato que, nos últimos anos, o movimento de caminhões tem crescido muito no Sistema Anchieta/Imigrantes. Em 2000 eles representavam pouco mais de 12% do tráfego total, algo em torno de 3,5 milhões de veículos. Já em 2008 passaram a 6 milhões, com uma participação de 18%. E é também verdadeiro que esse número ainda deve crescer de forma expressiva, levando-se em conta fatores como os projetos de ampliação do Porto de Santos e a conclusão do Rodoanel Mário Covas. Como consequência, o volume de acidentes envolvendo tais veículos, que já não é pequeno, tenderá a crescer em nível preocupante. Então, o que fazer? Para o secretário de Transportes do Estado, Mauro Arce, uma solução pode ser reservar a Anchieta exclusivamente ao tráfego pesado, incluindo os ônibus.

Essa possibilidade ainda está sendo tecnicamente avaliada, mas, desde já, fica evidente que possui sérias limitações. A começar pela capacidade da estrada. Construída há mais de 50 anos, ela não tem como ser ampliada e a concentração de caminhões e carretas exigirá um esforço maior em sua manutenção. E mesmo que as pistas estejam bem conservadas, e a sinalização adequada, não haverá garantias de que o número de acidentes sofrerá redução. E por dois motivos básicos: o volume de tráfego, como já frisado, deve continuar crescendo e há a questão da segurança dos próprios veículos. Uma parte considerável da frota já está rodando há vários anos e não recebe a manutenção adequada, o que é essencial para uma rodovia sinuosa, encravada numa serra. E deve-se atentar também para o elemento principal nessa equação, o motorista. Sabe-se que muitos desses profissionais, quando iniciam a descida em direção à Baixada Santista, já se encontram ao volante há várias horas. Cansados, seus reflexos estão prejudicados justamente quando mais necessitam deles. E alguns, de maneira irresponsável, ainda ingerem bebidas alcoólicas nas paradas que fazem pelo caminho.

Assim, segregar caminhões e carretas na Via Anchieta não parece ser a solução definitiva. A princípio pode até trazer alguns resultados positivos, e certamente receberá elogios dos motoristas de automóveis. Mas outras medidas devem ser estudadas. E uma delas, provavelmente a mais correta, foi apontada pelo próprio secretário. Quando questionado sobre a capacidade da estrada, ele respondeu com outra pergunta: Até quando nós vamos continuar transportando carga por caminhão? Só por caminhão? Sim, há décadas o Brasil optou pelas rodovias, esquecendo-se das ferrovias. Como resultado, o setor hoje está muito defasado, apesar das privatizações e dos investimentos já feitos. Então, em paralelo à atenção a ser dada aos caminhões, é essencial que se corrija um equívoco do passado, priorizandose um modal que, sem dúvida, é o mais apropriado às necessidades do Porto.