Consultorias e bancos internacionais das áreas de energia e petróleo consideraram o modelo para a exploração do pré-sal claramente estatizante. Há ainda a percepção de que ele retardará o início da produção e comprometerá os volumes de extração. Com isso, opinam, o Brasil perderá investimentos em um bom momento, em que há dezenas de empresas privadas interessadas em pagar caro para entrar no negócio. Para Christopher Garman, diretor para a América Latina da consultoria Eurasia Group, o novo modelo atrela e casa o desenvolvimento do pré-sal à capacidade operacional da Petrobras.
A Petrobras já tem um plano ambicioso de investimentos com o que já explora. O risco é o país não aproveitar o bom momento que vive hoje, quando há grandes empresas [de petróleo] querendo entrar, diz Garman. Já a empresa de análise de risco Standard & Poor’s avalia que o Brasil poderá encontrar restrições, do ponto de vista do financiamento da Petrobras, que acabarão obrigando a uma mudança mais à frente no próprio modelo. O Brasil pretende ter mais controle sobre grandes descobertas, mas desafios técnicos e financeiros poderão forçar uma participação de diversas empresas estrangeiras do setor de petróleo, avalia a S&P, dos EUA.
Para o analista Frank McGann, do Bank of America, a tendência de longo prazo para os resultados da Petrobras é bastante animadora. O acesso da Petrobras a fontes de recursos e a forte perspectiva de lucros no médio e longo prazos devem levar a resultados acima da média do mercado nos próximos 12 meses, diz.
Para explorar o pré-sal, a Petrobras pretende se capitalizar em até R$ 100 bilhões. Isso também aumentará a parcela da União no capital total da empresa, hoje de 32% (fato que não lhe proporciona a maior parte dos lucros). O governo tem a maioria do capital com direito a voto na companhia.
Garman destacou como ponto positivo o fato de que a Petrobras não acabará envolvida diretamente em programas sociais financiados com o dinheiro do pré-sal. É um caso diferente da [venezuelana] PDVSA, diz. (Folha de S. Paulo – 2/9/2009)