Multinacionais vão investir US$ 36 bilhões até 2015.
Receita para um novo eldorado: junte no mesmo caldeirão estabilidade política, solidez da economia e uma nova fronteira petrolífera. Está formado o cenário para grande atração de investimentos. Levantamento do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) mostra que as empresas privadas, como as multinacionais que atuam no país, vão investir US$ 36 bilhões em exploração e produção entre 2011 e 2015, valor que representa um aumento de 20% em relação ao perãodo de 2010 a 2014. Boa parte desses recursos irá para projetos no pré-sal que petroleiras como BG, Repsol e Galp têm parceria com a Petrobras.
O britânico BG Group está no Brasil desde 1994 e já colocou mais de US$ 5 bilhões no país. A empresa se prepara agora para outro desembolso de mais de US$ 30 bilhões até 2020, além de US$ 1,5 bilhão em pesquisa e desenvolvimento até 2025. Atua com parceiros no pré-sal da Bacia de Santos, onde é principal associado da Petrobras, e aposta em grande volume de produção.
Em 2020, a BG Brasil será responsável por cerca de um terço da produção líquida do BG Group, disse o presidente da BG Brasil, Nelson Silva. Essa produção, oriunda da Bacia de Santos, será de mais de 550 mil barris de óleo equivalente por dia. Ele confirma o interesse em expandir os negócios no país e, para isso. Congratulamos a intenção do governo de retomar as rodadas de licitações e valorizamos o clima de investimentos no Brasil, frisou.
A anglo-holandesa Shell também tem planos para o país. Desde a abertura do mercado em 1998, a Shell já investiu mais de U$ 3 bilhões no setor de exploração e produção no Brasil. Foi a primeira petroleira privada a produzir no país depois da quebra do monopólio da Petrobras. A perspectiva para 2011 é de mais investimento, pois o Brasil é um dos seis países-foco na estratégia global da Shell, destacou o gerente de Relações Externas de Exploração e Produção da Shell, Flavio Rodrigues.
Ele contou que a empresa vai perfurar até dez poços exploratórios nos próximos dois anos. Rodrigues lembrou ainda que a Shell tem mais de quarenta anos de experiência no pré-sal, especialmente no Golfo do México, em Omí e na Holanda. Hoje, mais de 10% da produção anual da companhia é proveniente de reservas no pré-sal, destacou.
Na região central do pré-sal brasileiro a Shell opera o bloco BMS 54 com 80% do ativo e tem participações nos blocos BMS 8 (20%) e BMS 45 (40%) na Bacia de Santos. Além dessas, tem áreas nas bacias de Campos, do Espírito Santo e do São Francisco, totalizando 14 concessões onde é operadora em nove.
Atualmente a empresa produz em torno de 90 mil barris por dia. Em 2010, a média da produção da Shell foi de cerca de 94,5 mil barris por dia, nos dois blocos que já estão em fase de produção: Parque das Conchas (BC-10) e Bijupirá & Salema, ambos na Bacia de Campos. O resultado representa a consolidação da liderança da Shell entre as empresas internacionais que investem em petróleo e gás no país, e a posição como segundo maior produtor, atrás da Petrobras, disse Rodrigues.
No último ano, a Shell produziu 34 milhões de barris de óleo equivalente, no Parque das Conchas e em Bijupirá e Salema, 30% acima da meta para o ano.
A norueguesa Statoil também aposta no petróleo brasileiro. De acordo com presidente da empresa no Brasil, Kjetil Hove, a estratégia desenhada para o país é de longo prazo. Queremos crescer através da exploração e produção da grande área do campo de Peregrino, novas oportunidades exploratórias e aplicando tecnologias inovadoras. Estamos comprometidos em continuar nossos investimentos, dado o crescimento da atratividade comercial, comentou.
O campo de Peregrino, na Bacia de Campos, é o maior projeto internacional da empresa como operadora. Nele, estimamos uma reserva de aproximadamente 600 milhões de barris de petróleo recuperáveis ao longo de mais ou menos 30 anos de produção, destacou Hove. A produção no local foi iniciada em abril deste ano e atualmente está em cerca de 40 mil barris por dia.
Esperamos atingir nosso platô de produção de 100 mil barris por dia até o início de 2012. Recentemente anunciamos também uma nova descoberta da área Sul de Peregrino, onde estimamos uma reserva de 300 milhões de barris recuperáveis. Peregrino Sul continua em fase de exploração para estudarmos seu potencial total, completou.
Segundo Hove, a Statoil pretende disputar a próxima rodada de licitações da ANP, a décima-primeira, no segundo semestre, que colocará à venda 174 blocos em nove bacias sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Paranaíba, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Potiguar, Recôncavo e Sergipe-Alagoas. A Statoil tem interesse em ampliar seu portfolio no Brasil e espera encontrar novas oportunidades nesta próxima rodada, observou.
Para ele, as descobertas no pré-sal são muito atrativas para a Statoil e impactaram seus negócios no país na estratégia de longo prazo. Há muito interesse em participar da exploração e desenvolvimento do pré-sal, disse. A petroleira norueguesa já tem alguns blocos como parceira no pré-sal do Espírito Santo, em águas não tão profundas como as das descobertas da Petrobras.
Recentemente, os chineses investiram no setor de petróleo e gás no Brasil cerca de US$ 10 bilhões. O grande desse desembarque foi a aquisição, pela China Petrochemical Corp (Sinopec), de 40% da subsidiária brasileira da espanhola Repsol, por US$ 7,1 bilhões, em outubro do ano passado. A transação criou a Repsol Sinopec Brasil, uma empresa de US$ 17,8 bilhões, que nasceu detendo participação em 14 blocos exploratórios, dezenas de reservatórios em diversas fases de exploração e também em áreas já em produção, como Albacora Leste, da Petrobras.
A Repsol Sinopec atua nas Bacias de Campos, do Espírito Santo e de Santos, onde marca presença no pré-sal, com o bloco BM-S-9 e é parceira da Petrobras e da BG. Lá, foram feitas as descobertas das jazidas Guará e Carioca. A Repsol Sinopec já declarou interesse em participar de novas rodadas de licitação de áreas exploratórias de forma conjunta ou individual.