Morales nacionalizou, ontem, a empresa Transportadora de Eletricidade S.A. (TDE), gerida pela empresa Rede Elétrica Internacional, filial do Grupo Rede, da Espanha, e ordenou às Forças Armadas sua ocupação.
O presente decreto supremo tem por objetivo nacionalizar a favor da Empresa Nacional de Eletrificação (ENDE), representante do Estado Plurinacional, o pacote acionário
em mãos da sociedade Rede Elétrica Internacional na Empresa Transportadora de Eletricidade, afirmou Morales em um ato público no presidencial Palácio Quemado.
A TDE possui 73% das linhas de transmissão bolivianas, segundo sua página na internet. Rede Elétrica Internacional controlava 99,94% de seu capital e 0,06% pertencia aos trabalhadores da empresa. Morales afirmou que a empresa, criada em 1997 durante a privatização do setor elétrico e que está sob controle da Rede Eléctrica desde 2002, investiu apenas US$ 81 milhões nos últimos 16 anos.
O líder boliviano já realizou outras nacionalizações no Dia do Trabalho desde que chegou ao poderemjaneiro de 2006, a principal delas a do setor de hidrocarbonetos em maio do mesmo ano.
Apesar de suas medidas nacionalistas, Morales tem evitado opinar sobre a decisão argentina de expropriar 51% da petroleira YPF, sob o controle da espanhola Repsol.
É um tema da Argentina e da Espanha, disse ele em recente entrevista. A expropriação decidida pela presidente argentina Cristina Kirchner não vai nos trazer nenhum problema porque temos uma relação de muita confiança com a Repsol (…).
A Repsol, como empresa, respeita todas as normas bolivianas e os investimentos que está fazendo vão bem, afirmou. Depois da nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos em 2006 e após árduas negociações, dez petrolíferas estrangeiras, entre elas a Petrobras e a Repsol-YPF alcançaram acordos com o governo Morales sobre as novas condições para operar na Bolívia.
A nacionalização de ontem foi anunciada em meio a protestos de sindicatos, que exigem aumento salarial superior aos 8% oferecidos pelo governo. Situação diferente
O governo espanhol está coletando informações sobre os aspectos técnicos e os aspectos diplomáticos da decisão boliviana, afirmaram fontes governamentais. Contudo, de acordo com essas fontes, a impressão gerada por esse primeiro contato com as autoridades bolivianas indicam que a situação é diferente da situação da Repsol na Argentina.
Há quinze dias, o governo argentino expropriou 51% da petrolífera YPF, filial argentina da espanhola Repsol.