– A Motiva (ex-CCR) quer investir mais de R$ 1 bilhão em tecnologias como inteligência artificial, para aumentar a eficiência operacional do grupo, disse o CEO do grupo, Miguel Setas. Ele afirmou que a expectativa é que a implementação dessas tecnologias tenha efeito na eficiência do grupo entre 2030 e 2035, considerando o período de teste das ferramentas.
“Queremos […] fazer uma transição para a chamada ‘smart infrastructure’. Vamos ter exemplos nítidos aqui hoje, muito claros, ‘smart roads’ [rodovias inteligentes], ‘smart rails’ [ferrovias inteligentes]. Quais são as seis tecnologias que estão neste plano tecnológico? Primeiro, inteligência artificial e GenAI; segundo, ‘big data’ e analytics;terceiro, sensorização e IoT [internet das coisas]; quarto, robotização e automação; quinto, transição energética; e sexto, novos materiais”, afirmou o executivo, nesta quinta-feira (25), no Capital Markets Day, encontro anual promovido pelo grupo, que reúne analistas e investidores.
Setas disse que a intenção é que a próxima década seja o período em que essas tecnologias tenham escala ampliada na operação do grupo. “Nossa estimativa, hoje, é investir mais de R$ 1 bilhão até 2035. Isto é um investimento acumulado, representando 0,5% da receita líquida da operação em média”, disse. “É um ‘ratio’ muito alinhado com aquilo que são as práticas internacionais”, acrescentou.
Segundo o executivo, o investimento em tecnologia tem o objetivo de acelerar a curva de eficiência da Motiva. “Obviamente, inovação significa risco, significa acertar e errar algumas coisas. Portanto, na nossa projeção, os efeitos destas tecnologias estão mais ‘backload’, mais concentrados na segunda metade da década, de 2030 para 2035”, completou.
A Motiva disse, em comunicado nesta quinta (25), que ampliou a meta de redução da razão entre despesas operacionais e receita líquida até 2035, com projeção mais ambiciosa. O grupo espera que a razão, que terminou 2024 em 41,2%, caia para abaixo de 38%, neste ano, ante a previsão anterior de que a marca fosse atingida em 2026; para menos de 30%, em 2030; e para aquém de 28%, em 2035. Antes, em 2035, a meta era que a razão caísse a menos de 35%.
“Quando comparamos o primeiro semestre de 2025 com o primeiro semestre de 2024, vemos que o custo de caixa reduziu em 1%, ou seja, R$ 43 milhões. Parece pouco, mas não é. Se olhamos em termos reais, que é o que realmente importa, dado que a grande maioria dos contratos estão indexados à inflação, nós tivemos uma redução de R$ 200 milhões nesse período”, disse o vice-presidente de finanças e relações com investidores e presidente da Motiva Aeroportos, Waldo Perez, no evento.
Ele disse que isso contribuiu para que a razão entre despesas operacionais e receita líquida da Motiva chegasse a 38% no primeiro semestre deste ano. “Acreditamos, sim, no potencial relevante de poder chegar até o fim do ano nessa meta, antecipando nossa ambição”, acrescentou Perez.
Outras projeções, como a taxa de crescimento anual composto (CAGR) do Ebitda ajustado de 8% e 10% entre 2025 e 2035 e o de reciclagem de capital de R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões até 2035, foram mantidas inalteradas.
Empresa atualiza de R$ 190 bi para R$ 160 bi estoque de projetos no radar
A Motiva atualizou de R$ 190 bilhões para R$ 160 bilhões a estimativa do estoque de projetos no radar do grupo, segundo Miguel Setas. O foco da companhia são novas concessões no setor de rodovias, no qual estão previstos agora R$ 100 bilhões em investimentos, ante os R$ 125 bilhões apresentados em 2024, e trilhos, com R$ 60 bilhões, ante R$ 69 bilhões.
“Ajustado para dar uma uma fronteira mais nítida daquilo que nós queremos, em termos de crescimento. Em rodovias, queremos ativos premium, como aqueles que trouxemos até agora, como a Sorocabana, PR vias, MS Via […] ativos premium em geografia estratégicas”, afirmou o executivo.
“Essa é a visão que temos para o segmento de rodovias. E para trilhos, a mesma lógica, um crescimento focado e sinérgico”, acrescentou.
Investimentos em SP, Rio e Salvador
Setas disse que São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador são cidades em que a Motiva quer continuar a investir. “Em particular, porque numa delas, aqui em São Paulo, temos, digamos, um pipeline muito construtivo de oportunidades e, portanto, não há razão para desenfocar aquilo que é a atenção da companhia”, disse.
Para aeroportos, disse o executivo, a expectativa é destravar valor com a simplificação do atual portfólio do grupo. Como mostrou o Pipeline maio, a venda dos 20 aeroportos da Motiva havia avançado, com a escolha das empresas que disputariam os ativos na segunda fase do processo. No evento, Setas disse que a conclusão da operação contribuirá para simplificar o portfólio do grupo.
“Nós estamos estimando R$ 160 bilhões de oportunidades nos dois segmentos, rodovias e trilhos, com esta lógica de uma visão mais segmentada, mais focada, um crescimento mais sinérgico com dois objetivos: gerar valor e controlar risco”, afirmou Setas.