unitri

Filtrar Por:

< Voltar

Clippings - 22/09/25

Motiva prevê R$ 60 bi de Capex e aposta em ‘seletividade’ em leilões de rodovias e trilhos

– Após uma participação discreta nos primeiros leilões de rodovias de 2025, a Motiva, antiga CCR, prepara-se para disputar certames estratégicos no fim do ano e reforçar sua estratégia de crescimento baseada em “seletividade e rentabilidade”, de acordo com o CEO, Miguel Setas, em entrevista ao EXAME INFRA. A companhia projeta investir até R$ 60 bilhões de Capex (investimentos em obras) até 2035, com a maior concentração dos aportes nos próximos cinco anos.

“Estamos numa fase de investimento, uma fase de crescimento. O que colocamos para o mercado é que isso nos permitirá aumentar o EBITDA [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] da companhia próximo de 10% ao ano até 2035”, afirmou o executivo no programa realizado pela EXAME em parceria com a empresa Suporte.

Segundo Setas, cerca de dois terços dos investimentos previstos ocorrerão até o início da próxima década.

Em 2023, a empresa já havia registrado um recorde de investimentos, de R$ 7,4 bilhões, acima da média histórica, entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões anuais. Em 2024, o patamar deve se repetir, consolidando uma nova curva de crescimento.

Foco em rodovias

O calendário de concessões públicas tem sido central para a estratégia da companhia. O Ministério dos Transportes marcou para as últimas semanas de outubro os leilões dos lotes 4 e 5 das Rodovias Integradas do Paraná.

Juntos, os projetos somam mais de mil quilômetros de estradas federais e estaduais e preveem cerca de R$ 19,7 bilhões em investimentos.

No ano passado, a então CCR já havia vencido o Lote 3 do mesmo programa, que reúne quase 570 quilômetros de rodovias federais e estaduais. A disputa foi acirrada e definida no viva-voz, quando a empresa ofereceu desconto de 26,6% sobre a tarifa de pedágio.

Segundo Setas, essa vitória cria uma lógica de sinergia regional e fortalece o interesse da Motiva nos novos certames do estado.

“Termos ganho um lote no Paraná viabiliza o interesse no estado do Paraná, acaba por ser um elemento facilitador de tomada de decisão, porque se porventura viermos a participar [dos leilões], a decisão ainda não está tomada, ela está dentro de uma lógica sinérgica regional”, disse o CEO da Motiva.

“Existe uma busca por qualidade, ativos premium, regiões do país onde nós entendemos que o ambiente de negócios é adequado, sinergias e seletividade com rentabilidade”, complementou.

Além dos certames federais, a Motiva acompanha de perto licitações do estado de São Paulo. Entre elas, a nova concessão dos lotes rodoviários Rota Mogiana e Circuito das Águas operados atualmente no interior de São Paulo pela Renovias, concessionária da Motiva.

O projeto, que inclui trechos já administrados pela companhia e novas vias do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER-SP), contempla mais de 916 quilômetros e mais de R$ 15,4 bilhões em investimentos em infraestrutura. Estão previstas duplicações, construção de passarelas e a introdução do pedágio eletrônico sem cancela (free flow).

A Motiva estuda simplificar o portfólio e avalia uma possível saída do setor de aeroportos, no qual tem 20 ativos, para priorizar os modais rodoviário e ferroviário.

“Neste momento, tanto trilhos como rodovias têm oportunidades muito construtivas. Em São Paulo, a agenda de concessões estaduais em trilhos é intensa, e no nível federal há um pipeline enorme de rodovias para licitação”, afirmou.

Segundo ele, a presença nos dois segmentos permite diversificar riscos e ajustar a estratégia conforme o cenário.

“Temos investidores internacionais que nos dizem ‘a história de vocês é muito complexa, são muitos ativos, 37 ativos, eles são difíceis de modelar’… Portanto, vamos no sentido de simplificar essa história, de pegar nesse investimento [em aeroportos], nesse capital que está hoje alocado nesse modal, e reinvestir nos outros dois modais. Essa é a estratégia”, disse o CEO.

E no mercado em expansão dos trilhos

No segmento de trilhos, a empresa vê um campo fértil para expansão, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Setas lembra que, mesmo nas cidades mais avançadas, a densidade de transporte sobre trilhos no Brasil é menor do que a de capitais vizinhas. “São Paulo e Rio têm menos da metade da densidade de Santiago, no Chile. Em comparação com Nova Iorque, a diferença é ainda maior”.

Segundo o executivo, o Brasil possui um mercado potencial de R$ 240 bilhões em mobilidade urbana sobre trilhos, dos quais R$ 75 bilhões estão no radar da Motiva.

“Nossa prioridade é estar em mercados onde já atuamos — São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia — e buscar sinergias. Além disso, temos mais interesse em projetos em que a dominância seja a operação, e não a construção pesada”, disse.

Entre os leilões previstos no curto prazo em São Paulo estão o Trem Intercidades (TIC) até Sorocaba e a concessão da Linha 10-Turquesa, que prevê a construção da estação 14-Ônix.

A presença de players nacionais e internacionais nos certames é vista por Setas como um sinal positivo. “A concorrência eleva a barra da gestão, nos obriga a trazer mais eficiência, tecnologia e inovação. É um sinal de maturidade do setor e de estabilidade regulatória”, afirmou.

Ainda assim, ele observa que o número de competidores em rodovias é limitado, o que reforça a vantagem da Motiva em ser seletiva. “Vamos poder escolher aquilo que nos interessa: ativos premium, em regiões com ambiente de negócios adequado e potencial de sinergia”, reforçou.

Fonte: https://exame.com/brasil/infraestrutura/motiva-preve-r-60-bi-de-capex-e-aposta-em-seletividade-e-rentabilidade-com-rodovias-e-trilhos/?utm_source=copiaecola&utm_medium=compartilhamento