Em 2010, a navegação marítima no Brasil movimentou 747,1 milhões de toneladas, das quais 616,4 milhões (82%) no longo curso e 130,7 milhões (18%) na cabotagem (leia errata ao final).
Os granéis sólidos (grãos, minérios etc.) responderam por 475,5 milhões (63,7%), dos quais 457,3 milhões foram transportados no longo curso e 18,2 milhões, na cabotagem. Granéis líquidos (petróleo e derivados, álcool, óleos) corresponderam a 169,8 milhões de toneladas (22,7%), dos quais 102,5 milhões só na cabotagem. Contêineres somaram 68,8 milhões de toneladas (9,2%) e carga geral obteve 4,4% de participação ou 32,8 milhões de toneladas.
Navegação de longo curso
Do total transportado no longo curso, o minério de ferro participou com quase 306 milhões de toneladas ou 49,6% do total. Na cabotagem, combustíveis e óleos minerais e seus derivados somaram 101 milhões de toneladas ou 77,2% do total.
No longo curso, o Índico /Extremo Oriente foi o destino de 55,4% do granel sólido (224,8 milhões de toneladas), 33,8% do granel líquido (quase 10 milhões), 34% da carga geral (quase 7 milhões) e 19,3% dos contêineres embarcados (6,5 milhões de toneladas). Dessa forma, o Índico/Extremo Oriente, com destaque para a China, foi o principal destino da carga exportada pelo Brasil em 2010.
O Norte da Europa/Europa ficou em segundo lugar, ao receber 16,7% do granel sólido brasileiro (67,7 milhões de toneladas), 15% do granel líquido (4,4 milhões), 16,6% da carga geral (3,4 milhões) e 20,4% dos contêineres embarcados (6,8 milhões de toneladas).
O Mediterrâneo/ Mar Negro foi o terceiro principal destino das exportações brasileiras (35 milhões de toneladas). Para a região, foram embarcados 6,9% do granel sólido (28 milhões), 14,4% dos contêineres (4,8 milhões de toneladas), 7,9% da carga geral (1,6 milhões), e somente 1,8% do granel líquido (528 mil toneladas).
A principal origem do granel sólido desembarcado no Brasil foram EUA / Canadá (Costa Leste), de onde vieram 23,5% (12 milhões de toneladas). Da África Ocidental (Golfo da Guiné) veio 28,5% do granel líquido adquirido pelos brasileiros (10,8 milhões). Já o Índico/Extremo Oriente foi a principal origem da carga geral (40,6% ou 3,1 milhões) e dos contêineres (33,3% ou 9,9 milhões de toneladas) desembarcados no Brasil.
Navegação de cabotagem
Os portos paraenses foram a principal origem do granel sólido transportado por cabotagem no Brasil. De lá vieram 75,3% ou 13,7 milhões de toneladas, a maior parte, 40,4% ou 7,3 milhões foram movimentados de um ponto a outro da costa do próprio Estado do Pará e 34,4% ou 6,2 milhões tiveram como destino o Maranhão. Os dois Estados desembarcaram, portanto, 74,8% do granel sólido movimentado na cabotagem.
A principal origem do granel líquido movimentada por cabotagem é a plataforma continental, de onde provém 60,5% do total movimentado na cabotagem em 2010 ou 62 milhões de toneladas. O principal destino é São Paulo, para onde vão 39% de todo granel líquido transportado ou quase 40 milhões de toneladas.
A principal origem da carga geral movimentada por cabotagem é o Estado da Bahia, de onde saem 57,4% ou 2,7 milhões de toneladas. O principal destino é o Espírito Santo, para onde vão 61,1% ou 2,9 milhões de toneladas, a maior parte (2,69 milhões) proveniente da Bahia.
Gastos com afretamentos
Em 2010, os gastos com afretamento somaram pouco mais de US$ 4 bilhões (alta de 24% em relação a 2009), dos quais US$ 2,28 bilhões no longo curso (alta de 3%), US$ 1,61 bilhão no apoio marítimo (alta de quase 66%), US$ 133,8 milhões na cabotagem (alta de 88%) e US$ 21,8 milhões no apoio portuário (alta de 47%).
No longo curso, quase 67% dos gastos (mais de US$ 1,5 bilhão) foram feitos com afretamento de petroleiros. No apoio marítimo, 72,6% ou US$ 1,17 bilhão foram gastos com afretamento de embarcações do tipo AHTS (Anchor Handling Tug Supply), cuja função é instalar e manter plataformas de petróleo, e do tipo PSV (Platform Support Vessel), que presta serviços de suporte às plataformas. Na cabotagem, quase 50% ou US$ 66,8 milhões destinaram-se ao afretamento de graneleiros.
Errata
Em reportagem com o mesmo título, publicada no dia 21/03 e retirada ontem (22/03) do site da ANTAQ, foram comparadas, incorretamente, a movimentação de cargas na navegação marítima, disponível no Anuário Estatístico Aquaviário (AEA) de 2010, com a movimentação de cargas nos portos, disponível no Anuário Estatístico Portuário (AEP) de 2009.
O AEP conta duplamente a movimentação de determinada carga, a primeira vez, quando é embarcada no porto de origem, e a segunda, quando é desembarcada no porto de destino, o que não ocorre no AEA.
A comparação inapropriada conduziu, por exemplo, à conclusão equivocada de que houve queda na cabotagem, quando, na verdade, houve aumento.