
A Nimofast está perto de anunciar a decisão final de investimento (FID, em inglês) para a construção de um terminal de GNL no Paraná. Após assegurar dois clientes para adquirir a molécula, a Migratio e a GNLink, a empresa pretende iniciar a estruturação financeira do projeto, com a suíça Maius GmbH, em novembro. A expectativa é que o FID seja anunciado no primeiro trimestre de 2023.
De acordo com Ramon Reis, CEO da empresa, os estudos de área relacionados à implantação da infraestrutura já foram finalizados. Até janeiro, a estruturação da parte técnica do projeto estará pronta. A Nimofast também espera fechar em breve o contrato de afretamento de uma FSU (Floating Storage Unit), com duração de 15 anos. A empresa já possui um supridor e está negociando com outros dois, cujos nomes ainda não foram revelados.
O terminal terá capacidade de regaseificar de 6 a 8 milhões de m³/dia de GNL. “A molécula e o terminal estão garantidos. O xadrez está montado. Até por questões de cautela em relação às tensões geopolíticas, vamos iniciar a operação entre o final de 2024 e o início de 2025”, disse o executivo.
O sistema de distribuição será feito por GNL de pequena escala, através de caminhões e cabotagem. Na terça-feira (1), a companhia anunciou um acordo de fornecimento de 2 milhões de m³/dia com a distribuidora GNLink, que fará o transporte do produto por rodovias e barcaças para atender os mercados Sul e Sudeste do país.
Segundo Reis, o contrato com a GNLink permitiu à Nimofast justificar, nos próximos meses, a decisão do FID. “Estávamos esperando as eleições passarem para anunciar o acordo e os próximos passos que pretendemos dar para viabilizar o terminal”, afirmou.
Procurado pelo PetróleoHoje, o CEO da GNLink, Marcelo Rodrigues, adiantou que a empresa está desenvolvendo projetos para distribuição de GNL pelo modal rodoviário e cabotagem. Por isso, vislumbrou no projeto da Nimofast a oportunidade de suprir o mercado e as distribuidoras da região Sul, tendo em vista o posicionamento geográfico do terminal a ser construído.
“É uma oportunidade ímpar para as distribuidoras da região Sul – a Compagas, SCGas e Sulgás – interiorizarem o GNL e resolverem as lacunas de infraestrutura”, pontuou. Recentemente, a companhia participou da CP 23 da Compagas, que recebeu 15 propostas de suprimento de gás natural.
A GNLink também está de olho no desenvolvimento de rotas de cabotagem de GNL no país. A empresa faz parte do Grupo Lorinvest, acionista da Norsul, a maior empresa brasileira privada de navegação. “Queremos atuar no mercado de shipping de GNL através de bunkering e distribuição por cabotagem. Pretendemos abastecer barcaças em terminais de GNL, como no Paraná, e levar o produto para outros mercados”, revelou.
Fundada em 1953, a Lorinvest é uma gestora de ativos que, no início, importava GLP para a Companhia Nacional de Gás Esso. Esta, por sua vez, foi adquirida pelo grupo, tendo se tornado a Supergasbrás. Na década de 1970, a empresa vendeu a distribuidora. Atualmente, a Lorinvest detém a Gas Bridge.
“É como voltar às origens. Antes trazíamos GLP, agora fazemos a distribuição de GNL”, explicou Rodrigues. É o terceiro projeto de desenvolvimento de distribuidora de GNL que o executivo participa em sua carreira. Antes, participou da criação da GásLocal e, depois, da Golar Power/NFE no Brasil.
Já a Nimofast, trader da Gunvor Group, maior distribuidor de GNL do mundo, foi fundada por Ramon Reis em 2013. A empresa atua na comercialização e infraestrutura de energia através de uma cadeia integrada, da importação à revenda. Em 2018, Roland Van Assche, ex-diretor executivo e comercial do Porto de Roterdã, ingressou na empresa como vice-presidente.
Fonte: Revista Brasil Energia