Divulgação FGV
Cônsul geral destacou que atingir Net Zero no transporte marítimo mundial é uma longa jornada, que exigirá ampla colaboração entre países
A Noruega está pronta para ampliar a troca de experiências em inovação que o Brasil está desenvolvendo voltadas para transição energética, inclusive na área de biocombustíveis. A cônsul geral da Noruega, Mette Tangen, afirmou, na última terça-feira (24), que o processo de migração para tecnologias de baixa emissão é desafiador e requer uma grande cooperação internacional. Ela destacou que a extensa costa e a forte tradição marítima fazem do Brasil um parceiro natural para a Noruega na jornada de descarbonização do transporte marítimo.
“Embora a Noruega já possua uma das frotas mais eficientes em energia do mundo e alto número de navios que utilizam combustíveis alternativos, alcançar essa meta de neutralidade climática ainda é uma longa jornada”, disse a cônsul na 6ª Edição do Seminário Brasil x Noruega, promovido pela FGV Direito Rio, em colaboração com a Associação Brasileira dos Armadores Noruegueses (Abran) e o Real Consulado Geral da Noruega, no Rio de Janeiro (RJ).
A avaliação da Noruega é que os dois países têm conhecimento e recursos para essa transição verde. “É vital unir setor público, privado e academia para encontrar soluções criativas e inovadoras para os desafios que enfrentamos”, defendeu Mette Tangen. Ela acrescentou que o país nórdico está comprometido em desenvolver metas ambiciosas que envolvam todos os países e que já trabalha em estreita colaboração com o Brasil em plataformas globais, como a Organização Marítima Internacional (IMO).
Um dos desafios do transporte marítimo é reduzir as emissões em 50% até 2030, em relação aos níveis registrados em 2008. O comércio marítimo hoje representa 80% do comércio global e é responsável por cerca de 3% das emissões globais. O entendimento, segundo a cônsul norueguesa, é que o compromisso compartilhado em guiar as indústrias marítima e portuária para um futuro mais sustentável será fundamental para o comércio global, que está na linha de frente na luta contra as mudanças climáticas. Mette Tangen salientou que a tradição marítima de liderança global norueguesa tem origem nos investimentos robustos em inovação e sustentabilidade no setor marítimo, contribuindo para pioneirismo em tecnologias que reduzem emissões e em soluções que caminham para o Net zero, meta a ser perseguida até 2050.
A cônsul lembrou que o país se destaca em inovação há mais de 20 anos. Ela citou os projetos da primeira balsa movida a gás natural liquefeito (GNL), no ano 2000, além da primeira balsa elétrica (2020) e do lançamento, em 2023, do primeiro ferry boat movido a hidrogênio e 100% livre de emissões. Atualmente, mais de 30% dos ferry boats noruegueses já são elétricos. “Esses negócios são fruto de uma forte indústria em colaboração com políticas focadas na redução de emissões”, concluiu Mette Tangen.
A Abran, que representa armadores noruegueses, enxerga Brasil e Noruega como parceiros de longo tempo, evidenciado na cooperação desenvolvida nos trabalhos do G20 ao longo de 2024. “Ambos têm grande potencial de ampliar cooperação e troca de experiências, estabelecendo e aprofundando parcerias para desenvolvimento da transformação do setor verde com sintonia com a agenda acordada pela IMO”, analisou o presidente da Abran, Felipe Meira, durante o evento.
Fonte: Revista Portos e Navios