O presidente do conselho de administração do grupo Odebrecht, Emílio Odebrecht, disse que a construção de uma nova refinaria de petróleo é fundamental para viabilizar a implantação de um novo polo petroquímico e que seu grupo teria interesse num eventual projeto como este, já que está muito focado em petroquímica e energia.
Emílio Odebrecht, um dos principais acionistas do grupo, que controla a Braskem, maior petroquímica do país, respondia a uma pergunta sobre o que achou da intenção do governo federal em criar um um grande polo petroquímico no país, anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao Valor na edição de quinta-feira.
Cauteloso e diplomático, o empresário disse que muita coisa pode ser feita de forma econômica e eficiente em um novo polo petroquímico que, no entanto, deverá estar próximo da matéria-prima, seja nafta, gás ou etanol, disse.
E completou: Sempre estamos olhando (para oportunidades como essa) até para atender o crescimento do mercado interno, afirmou Odebrecht, em entrevista durante o intervalo do Fórum Nacional realizado na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social (BNDES), no centro do Rio.
Afirmou que o local do polo depende de decisão política e da Petrobras, muito mais que de fatores econômicos e financeiros, com base no que ele chamou de fatores intangíveis como o potencial de desenvolvimento regional.
Perguntado sobre que local considera mais adequado para um novo polo, respondeu: não posso dizer, me indisporia com os governadores.
Questionado sobre a cobrança do presidente Lula de que os empresários invistam mais, Odebrecht disse que a indústria tem que estar sempre na frente em termos de produção e que existem muitas oportunidades (de investimentos) para qualquer empresa dentro e fora do Brasil.
A Braskem já demonstrou publicamente seu interesse em adquirir uma petroquímica nos Estados Unidos ao mesmo tempo em que negocia um acordo estratégico que poderá resultar na aquisição da Quattor, a segunda empresa do setor no país. A intenção da empresa é tornar-se a maior em produção nas Américas, o que conseguiria facilmente se adquirisse os dois ativos.
A Braskem tentou comprar no início deste ano a NovaChemicals, uma fabricante petroquímicas com sede no Canadá e plantas industriais nos Estados Unidos, mas perdeu a disputa para uma empresa dos Emirados Árabes. Atualmente, a empresa tenta arranjar uma solução societária para que possa assumir uma posição estratégica na Quattor. O caminho passa por um acerto com a Petrobras, sócia de ambas as petroquímicas. A Braskem, que tem avançado em dominar os suprimentos de matéria-prima na América Latina, com projetos na Bolívia, Venezuela, Peru e México, também já disse ter interesse em avaliar o Comperj, o polo petroquímico do Rio de Janeiro.
No Fórum Nacional, o empresário Emílio Odebrecht foi bem mais enfático quando respondeu não tem decisão, ao ser questionado sobre o interesse de seu grupo em participar de uma eventual privatização dos aeroportos. O presidente Lula havia dito que pediu ao ministro da Justiça Nelson Jobim para estudar o processo de concessão de um ou outro aeroporto para medir a qualidade do funcionamento.