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Clippings - 25/08/10

Novos fornecedores acirram disputas em leilão de energia eólica

São PAULO – A entrada de novos fabricantes de equipamentos para energia eólica, como aerogeradores, pás e torres, aumentou a concorrência entre empresas globais para conquistar espaço nos novos empreendimentos no Brasil. Um reflexo desse movimento é a comparação entre os negócios pré-contratados entre fabricantes e investidores para o primeiro leilão de eólica, realizado em dezembro do ano passado, e para o leilão de energia de reserva e o A-3, que acontecem amanhí, em São Paulo.

Enquanto no ano passado as empresas fecharam acordos antes do certame, a disputa deste ano caracteriza-se pela falta desses acordos formais.

Uma das empresas que reportaram essa dificuldade é a Wobben Windpower-Enercon, cuja sede fica em Sorocaba (SP). De acordo com seu presidente, Pedro Angelo Vial, a entrada de novos players acirrou a disputa. O executivo não indicou, mas dentre essas companhias estão a Alstom, que está investindo R$ 50 milhões em uma fábrica na Bahia, Impsa,GE, Siemens, e Vestas, entre outras citadas recentemente por Ricardo Simões, presidente executivo da Associação Brasileira da Energia Eólica (Abeeólica).

Eu soube que não é somente a Wobben que tem menos acordos formais, o mercado todo está nessa situação. Não existem pré-contratos dessa vez, apenas acordos verbais, mas deveremos assinar alguns [acordos] antes dos leilões, afirmou Vial.

O diretor executivo Abeeólica, Pedro Perrelli, confirmou o aumento da concorrência e disse que esse fato pode influenciar diretamente o deságio que será oferecido pelos empreendimentos nos leilões. Apenas oito meses depois do primeiro leilão exclusivo de eólicas o Brasil conseguiu atrair mais fabricantes. Hoje, o País passou a oferecer mais opções de fornecedores: de cinco, no ano passado, para oito.

É justamente essa maior oferta que pode ajudar a reduzir o valor de instalação de um parque. O maior custo de um empreendimento eólico está no preço dos aerogeradores, que compõem três quartos do total. Por esse motivo Perrelli acredita que, ainda que o preço-teto tenha caído de R$ 189 MWh para R$ 167 MWh, deverá haver algum deságio. Apesar disso, ele aponta para um estrangulamento dos valores propostos. Esse valor ainda permite uma movimentação no leilão, que não será esvaziado, mas está apertado, não é confortável para o investidor assim como já não foi o do ano passado, admitiu ele.

Em uma análise pessoal, acho que o preço médio deverá ficar no mesmo patamar de dezembro, de R$ 148 MW, completou Vial.

À época do primeiro leilão, a Wobben contabilizou uma carteira de pedidos de 478 MW de potência instalada em 21 parques eólicos. Já para esse segundo leilão, em que deverá predominar a energia gerada pela força dos ventos, a expectativa do executivo, mesmo com uma concorrência mais agressiva de outros fabricantes, é de obter o mesmo nível de contratações em um universo de 1,5 GW de projetos vendidos.

Na prática, isso significa que, a confirmar-se a previsão da empresa, que está no Brasil há 15 anos, os pedidos saltarão para 1 mil MW e deverão ser atendidos até 2012.

Dentre os possíveis empreendedores estão empresas como a Renova Energia, que recentemente abriu seu capital no mercado de ações da BM&F Bovespa. A CPFL Energia também deverá colocar parques eólicos, assim como já o fez em dezembro de 2009, conforme disse anteriormente seu presidente, Wilson Ferreira Júnior. Vial não confirma, mas atuais clientes da Wobben, como Petrobras, Elecnor e Eletrosul, também podem entrar.

A aposta da Abeeólica é mais otimista. Perrelli disse que o volume de energia contratado deverá atingir 2GW. Se essa previsão for alcançada o Brasil passará a deter uma capacidade instalada, em 2013, de cerca de 5 GW considerando-se os leilões e o Proinfa.

Os empreendimentos a serem contratados no leilão A-3 têm previsão de entrada em operação em 31 de janeiro de 2013, enquanto aqueles contratados no leilão de Reserva começam a gerar em setembro de 2013.

Dos 366 projetos habilitados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) 316 são de energia eólica. A Câmara de Comercialização de Energia (CCEE) não divulgou quantos projetos apresentaram garantias para entrar na disputa.