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Clippings - 10/08/09

Odebrecht negocia terminal em Santos

O grupo Odebrecht está na fase final de negociações para assumir o controle da Embraport, empresa que constrói há dois anos um dos maiores terminais portuários multiuso do país, localizado em Santos, onde estão previstos investimentos superiores a US$ 500 milhões. O principal acionista do terminal é hoje o grupo capixaba Coimex, cuja principal atividade é a de comércio internacional de commodities. A Coimex possui 66,6% das ações do empreendimento.

Segundo apurou o Valor, a Odebrecht terá como parceiro no negócio a Dubai Ports World (DPW), um dos três maiores operadores logísticos marítimos do mundo, sediado em Dubai e presente em dezenas de países. O grupo baiano e a DPW têm um bom tempo de relações comerciais. A Odebrecht é líder dos consórcios que constroem dois terminais de contêineres da DPW: o de Callao, no Peru, e o de Doraleh, em Djibuti, na África.

A Embraport foi constituída em 1998 pela Coimex para implantar um terminal de contêineres, granéis vegetais sólidos e granéis líquidos (álcool) na margem esquerda do porto de Santos, entre os rios Diana e Sandi, numa área de 800 mil m2. Com cais de 1,1 quilômetros e dois píeres, conta com armazéns cobertos, pátios ferroviários e estacionamento para carretas.

A Odebrecht já tem grande familiaridade com o projeto. Em dezembro de 2007, o consórcio liderado pela Construtora Norberto Odebrecht (CNO), que inclui também as construtoras Carioca e Constremac, foi escolhido para fazer a obra de implantação do terminal. Outro fator que justificaria a entrada no empreendimento é que sua controlada ETH, dona de usinas de açúcar e álcool, planeja exportar esses produtos em alguns anos. Desta forma, o grupo garantiria uma base logística em Santos.

Numa primeira fase, o Embraport foi dimensionado para movimentar 1,2 milhão de contêineres, 1,1 milhão de toneladas de granéis sólidos e 2 bilhões de litros de alcoóis por ano. O objetivo inicial da Coimex era montar um terminal capaz de movimentar 10 milhões de toneladas de cargas por ano – de granéis sólidos e líquidos até automóveis, chegando a 1,9 milhão de contêineres. A operação de veículos foi abandonada.

O projeto começou a ser instalado em julho de 2007, com intervenções na parte mais crítica da obra, a de aterramento. As autoridades ambientais exigiram diversas medidas de proteção contra o impacto nas comunidades do entorno do fundo ao Canal do Estuário. Ali, fica uma área de manguezal, ao lado da Ilha do Barnabé. A licença para instalação foi concedida em agosto de 2006.

Originalmente, segundo informações anteriores no site da Coimex e da Embraport, o projeto estava orçado em US$ 400 milhões, dos quais 60% para as obras civis e 35% para aquisição dos equipamentos de movimentação de cargas. O novo orçamento da obra, que desacelerou por conta da crise mundial, é de US$ 550 milhões.

Quando o consórcio construtor ganhou a concorrência, só o aterro piloto para os píeres estava feito. Na época foi informado que o Embraport deveria ficar pronto no fim de 2010 e que, no ano seguinte, já responderia por 70% da movimentação de contêineres no porto de Santos, onde atua a maior empresa do porto, a Santos Brasil, do grupo Opportunity. A previsão mais recente indica a conclusão da obra no fim de 2011.

A crise econômica mundial, que afetou o mercado de commodities, a liquidez de crédito e o encarecimento do projeto, com aumento das obras de engenharia, está por trás desta mudança societária. O aterramento, por exemplo, teve de ser aprofundado quase o triplo do previsto inicialmente, dizem pessoas a par do projeto, devido aos erros de cálculo na sondagem do solo. Essa parte é considerada o coração da obra, pois é ela que vai sustentar o piso do terminal, erguido em um terreno, antes todo coberto de lama.

Isso tudo forçou a Coimex a buscar uma injeção de capital para levar avante o empreendimento. No fim de outubro, o fundo de investimento FI-FGTS, gerido pela Caixa Econômica Federal (CEF), aportou R$ 450 milhões no projeto e passou a deter 33,33% do capital da Embraport. Pessoas ligadas a Coimex informam que a busca de sócios já era um dos objetivos anteriores e que não há intenção de sair do negócio. No entanto, fontes do setor disseram ao Valor que o grupo ficará com apenas 1% a 2% de participação. Procurado, a Coimex informou que não falaria sobre o negócio.

Agora, a avaliação é que Odebrecht e sua parceira venham a aportar pelo menos US$ 300 milhões para assumirem a conclusão do projeto e se tornarem controladores da Embraport, que é visto no grupo como obra de grande relevância para o país no setor de infraestrutura. A Odebrecht confirmou, por meio de sua assessoria de comunicação, o interesse no terminal e as negociações com a Coimex. Mas acrescentou que não daria, por enquanto, mais detalhes sobre a operação. (Fonte: Valor Econômico/ Ivo Ribeiro, de São Paulo)