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Clippings - 18/08/09

Odebrecht Óleo e Gás obtém US$ 1,3 bi

Financiamento de projeto: Empresa consegue mais do que o necessário para plataformas de petróleo

A Odebrecht Óleo e Gás já conseguiu mais do que o US$ 1,3 bilhão em financiamento necessário para o projeto de construção de dois navios-sonda de petróleo a serem alugados pela Petrobras, no maior empréstimo com a participação de vários bancos deste ano, segundo o mercado. A transação, que está na fase final de documentação, conta com o compromisso inicial de participação de doze bancos e com excesso de oferta de financiamento de mais de US$ 200 milhões. Foi o primeiro grande empréstimo internacional distribuído de forma mais ampla desde setembro do ano passado, quando a quebra da Lehman Brothers congelou os mercados de créditos.
Também participam do empréstimo agências de crédito à exportação governamentais no total de US$ 550 milhões, em parcela com prazo de vencimento em doze anos. O sul-coreano Kexim, que quer impulsionar os negócios da Daewoo, a empresa que está construindo os navios, entrou com crédito e garantias do financiamento. O Kexim está cobrindo o risco de construção dos navios nos dois primeiros anos do projeto.
A Giek, agência do governo da Noruega, deve entrar com garantias, e o Eksportfinans, banco de fomento norueguês, com crédito, visto que a norueguesa National Oilwell Varco (NOV) é a maior produtora de equipamentos para perfuração de petróleo. A finlandesa Finnvera acabou ficando de fora da transação.
Os bancos têm como garantia os próprios navio-sonda, por meio de hipoteca. Também o contrato de aluguel que será pago pela Petrobras para o uso dos navios serve como garantia no empréstimo externo, reduzindo o risco para os credores. Nessa estrutura de project finance (financiamento de projetos) é criada uma empresa de propósito específico que vai pagando os bancos com seu próprio fluxo de caixa. A Odebrecht é sócia-controladora dessa empresa. A dívida não é contabilizada, portanto, no balanço da Odebrecht, como acontece em todo project finance clássico.

A Odebrecht Óleo e Gás obteve sucesso na obtenção do crédito, mas os prêmios de risco subiram na comparação com o que eram antes da crise de crédito internacional. Na transação atual, a Odebrecht vai pagar na parte dos bancos de 340 pontos básicos a 415 pontos básicos sobre a Libor, taxa interbancária de Londres, pelo prazo de vencimento em 10 anos, com dois anos de carência de pagamento do principal durante o perãodo de construção. Para comparação, em estrutura semelhante, a mesma Odebrecht pagou de 100 a 200 pontos básicos em 2007, mas em projeto de valor total bem menor, que precisou de US$ 430 milhões em financiamento externo.

Os bancos que decidiram participar da transação foram os franceses Société Générale, BNP Paribas e o espanhol Santander. Eles estavam com a Odebrecht desde o início e saíram em visita aos outros bancos. Também entraram com crédito semelhante, em estrutura de club deal, o francês Calyon, o Banco do Brasil, o português Banco Espírito Santo (BES), o inglês HSBC, o português Caixa Geral de Depósitos, os holandeses NIBC e ING, o alemão WestLB, e o francês Crédit Industriel et Commercial (CIC). Cada instituição vai participar com US$ 50 milhões, US$ 75 milhões ou US$ 100 milhões em crédito.

A Odebrecht Óleo e Gás é a segunda empresa a conseguir sucesso na obtenção de recursos para financiar seus navios-sonda de petróleo neste ano entre as que ganharam as licitações das doze plataformas feita pela Petrobras no ano passado.
Antes desse empréstimo, a Etesco já havia obtido US$ 650 milhões em financiamento para sua plataforma de perfuração de petróleo em empréstimo com a participação dos japoneses Sumitomo Mitsui, Mizuho, Banco de Tokyo Mitsubishi e do holandês ING, cada um com US$ 70 milhões. O Société Générale e o Standard Chartered tiveram participações de US$ 50 milhões cada. A parte dos bancos comerciais, que totalizou US$ 380 milhões, teve prazo de vencimento de seis anos além do prazo de construção. O prêmio de risco foi de Libor mais 325 pontos básicos. Uma parcela de US$ 270 milhões ficou por conta da agência de crédito à exportação da Noruega Giek e teve também vencimento em 12 anos.