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Clippings - 20/10/25

Oferta de petróleo cria superávit “insustentável” até 2026, diz IEA

Na análise, a agência internacional aponta que o aumento da oferta em quase 4 milhões de bdp está ligado ao retorno gradual da produção da Opep+

Foto: Divulgação

O aumento da oferta de petróleo do Oriente Médio e das Américas aponta para um superávit “insustentável” de quase 4 milhões de bpd em 2026, o que, segundo análise da A International Energy Agency (IEA) divulgada na sexta-feira (17), deixa mais visível que algo tem que ceder.

Na análise, a IEA mostra que um aumento na produção e exportação de petróleo de países do Oriente Médio coincidiu com uma demanda sazonalmente menor por geração de energia na região e o início da manutenção sazonal pelas refinarias. Isso e um maior fluxo de petróleo vindo do continente americano fez com que a quantidade de petróleo em transporte ou em estoques aumentasse em 102 milhões de barris.

“Assim que os navios começarem a descarregar, os estoques de petróleo onshore fora da China aumentarão, o que pode pressionar ainda mais os preços”, explicou a agência internacional.

No que se refere à oferta global de petróleo para 2026, o aumento esperado de 4 milhões de bpd está relacionado ao retorno gradual da produção dos oitos países da Opep+ – a última reunião determinou que em novembro a produção aumentará em 137 mil bpd

A Opep + está agora a caminho de aumentar a produção em uma média de 1,4 milhão de bpd este ano e em mais 1,2 milhão de bpd em 2026. As perspectivas de crescimento da oferta não pertencentes à Opep+ também aumentaram marginalmente, para 1,6 milhão de bpd em 2025 e 1,2 milhão de bpd em 2026, principalmente devido à melhoria da eficiência operacional no Brasil e à produção de petróleo dos EUA.

A previsão é que os EUA, Brasil, Canadá, Guiana e Argentina respondam pela maior parte do aumento da oferta dos que não estão na Opep+ em 2025 e em 2026. A partir dessa trajetória, a oferta global de petróleo está a caminho de aumentar em média 3 milhões de bpd em 2025 e mais 2,4 milhões de bpd em 2026.

Enquanto a oferta está na expectativa de aumentar, a demanda também apresenta um crescimento, mas não tão expressivo. Em 2025 e 2026, a alta na demanda deve ser em torno de 700 mil bpd. 

No 3T25, a demanda aumento em 750 mil bpd ante o 3T24, mas, mesmo que seja um aumento em relação aos 420 mil bpd do segundo trimestre, é um volume menor do que a tendência histórica. Os motivos são as condições econômicas abaixo da média, aumento da eficiência dos veículos e vendas robustas de veículos elétricos em muitos mercados.

“É pouco provável que se concretize um excedente da magnitude implícita nos saldos de mercado, uma vez que o mercado se ajustará inevitavelmente”, disse a IEA.

A IEA aponta que “a demanda por petróleo é inelástica por natureza”, ou seja, precisaria de um movimento grande nos preços do petróleo para impactar a demanda no curto prazo. Como exemplo, caso ocorra uma alta de 10% nos preços, haveria uma redução aproximada de 0,3% do consumo global de petróleo.

Em sua visão, a intervenção do governo por meio de subsídios e controles de preços, pode amortecer a transmissão de sinais de mercado aos compradores de varejo durante períodos de alta ou queda de preços, com os movimentos cambiais enfraquecendo ainda mais essa ligação. Com isso, o reequilíbrio provavelmente terá que vir do lado da oferta. 

Os preços mais baixos também podem provocar uma resposta de produtores de custo mais alto em toda a área de shale dos EUA e de algumas fontes convencionais maduras, à medida que as operadoras reduzem os gastos.

Por fim, ainda há riscos do fornecimento de petróleo da Venezuela, Irã e Rússia, uma vez que todos estão sob sanções. Sobre essa questão, as sanções mais duras dos EUA ao Irã já estão complicando a capacidade do país de vender seu petróleo no exterior, com as compras de refinarias independentes da China diminuindo nos últimos meses.

Outro ponto é a redução da importação de petróleo russo pela Índia. Além disso, há os ataques de drones da Ucrânia à infraestrutura energética da Rússia, que reduziram a atividade das refinarias. Se a pressão sobre o setor petrolífero da Rússia for mantida ou intensificada, novos declínios de produção podem estar no horizonte, destacou a IEA.

Fonte: Brasil e Energia