RIO DE JANEIRO – A Petrobras inicia hoje o que chamou de primeiro óleo comercial da megarreserva do pré-sal; na verdade, trata-se do teste-piloto da região. A declaração de comercialidade da nova fronteira será feita oficialmente apenas em 31 de dezembro deste ano. Até lá, a companhia – em associação com as suas sócias: Britsh Gas (BG), que detém 35% do bloco, e Galp, com 10% – manterá duas unidades em operação, a FPSO Cidade de São Vicente (que já está no local desde 2009) e o novo navio-plataforma Cidade de Angra dos Reis, que começa a operar hoje. Somadas, as unidades colocarão no mercado 30 mil barris diários de óleo. A previsão da empresa é de que o pré-sal apresente produção total de cerca de 150 mil barris ao fim de 2011, somados os novos testes de longa duração previstos para o Campo de Guará, com a produção de Tupi e o novo teste em Tupi Nordeste.
Com essas duas unidades, a produção do Campo de Tupi, cuja reserva varia entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo, ficará limitada a 30 mil barris por dia até que o gás associado a este petróleo possa ter uma destinação. A partir da definição desta destinação, o volume extraído de Tupi ficará, em média, na casa de 50 mil barris, chegando ao fim do ano a 75 mil barris diários e a uma produção de gás natural de 1,5 milhão a 2,0 milhões de metros cúbicos ao dia.
Segundo explicação do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em entrevista recente, o escoamento do gás natural deverá se dar a partir do primeiro trimestre deste ano, de duas formas: a primeira, por meio de um gasoduto que levará o insumo até Caraguatatuba para o seu processamento na Unidade de Tratamento de Gás de Caragatatuba – UTGC; e a segunda, por meio da reinjeção desse gás em um poço aberto especificamente para esse fim.
A minha expectativa é de que em janeiro de 2011 tenhamos o sistema de escoamento do gás de Tupi já pronto, estabeleceu ele. Esse sistema engloba um gasoduto que ligará as plataformas à cidade de Caraguatatuba e que levará o gás a Taubaté pelo Gastau (Gasoduto Taubaté). Segundo ele, uma das ultimas etapas que precisam ser concluídas é a perfuração de um túnel que passará por baixo da Serra do Mar.
Segundo o gerente executivo do pré-sal, José Miranda Formiglio Filho, depois da declaração de comercialidade do pré-sal a plataforma que realizou o teste de longa duração, a FPSO Cidade de São Vicente, deixará de operar na região e se deslocará para o nordeste do campo. Essa é uma unidade itinerante que estava prevista para mudar as regiões que explora. Em janeiro, o poço do TLD passará à FPSO Cidade de Angra dos Reis, que acumulará os dois poços e receberá novos poços ao longo do ano, comentou o executivo, em coletiva de imprensa. Ao total, o sistema de Tupi contará com nove poços.
A previsão é de que a FPSO alcance produção total de 100 mil barris de petróleo ao dia apenas em 2012. A produção por poço deverá ficar na casa de 15 mil a 20 mil barris ao dia. Já em Guará a expectativa da empresa é de que o TLD que deverá ser iniciado em 2011 apresente um volume extraído de cerca de 50 mil barris diários.
De acordo com o secretário de Petróleo e Gás Natural do Ministério de Minas e Energia, Marcos Antônio de Almeida, o teste de Tupi retirou cerca de sete milhões de barris do pré-sal. Esse volume, completou Formiglio, foi totalmente direcionado ao processamento da Petrobras, que comprou a parcela a que os seus sócios têm direito. Ele não revelou os valores que pagou pelo produto, mas disse que a partir da comercialidade do bloco, esse volume poderá não ser revertido às refinarias brasileiras se as duas outras empresas que compõem a sociedade decidirem não vender sua parte à estatal brasileira.
Sergipe
A descoberta anunciada ontem em Sergipe pela Petrobras não deve apresentar petróleo na camada equivalente ao pré-sal. Segundo o gerente Executivo de Exploração da Petrobras, Mário Carminatti, a megarreserva está delimitada até a Bacia do Espírito Santo. No estado nordestino a exploração, apesar de ser em águas profundas, não faz parte da reserva. Carminatti disse ainda que não se pode falar em volume de reservas em Sergipe porque é necessário que se desenvolvam diversos estudos para essa definição. Ele descartou a possibilidade de essa nova descoberta se assemelhar em volume de produção à Bacia de Campos só porque há similaridade entre a qualidade do petróleo e as rochas da área localizada no Estado do Rio de Janeiro.
Ao lhe ser perguntado se a decisão de iniciar o teste-piloto a quatro dias da eleição não teria caráter político, Formiglio o negou.