Do total de R$ 8,67 bilhões em investimentos necessários para eliminar os gargalos do Porto de Santos, apenas 45% estão previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para seis obras.
As intervenções garantidas com recursos do Programa são a derrocagem (retirada de pedras) e a dragagem do Porto, a construção das avenidas perimetrais, os estudos sobre acessos terrestres e o Rodoanel.
Nem todos os empreendimentos necessários serão bancados pelo Poder Público. Parte deve ficar a cargo da iniciativa privada. Pelo modelo brasileiro de concessão e exploração de portos, de 1993 (estabelecido pela Lei de Modernização dos Portos, nº 8.630), novos terminais, por exemplo, são investimentos tipicamente realizados porempresas particulares.
Esta característica do modelo brasileiro de exploração de portos reduz a fatia do problema atribuído aos governos. Contudo, a responsabilidade sobre os acessos rodoviário e ferroviário, por exemplo, continua de estados e da União. Para uma parcela dos empresários de Santos, a solução para melhorar o acesso de caminhões é a construção de uma terceira pista na Rodovia dos Imigrantes, exclusiva para os veículos de carga, como complemento ao Rodoanel.
Mas segundo o coordenador do estudo do Ipea sobre gargalos do setor portuário, Carlos Alvares da Silva Campos Neto, a demanda por investimentos em acessos apontada no levantamento não significa, necessariamente, que é preciso ampliar o Sistema Anchieta-Imigrantes. O ideal é estimular o transporte por ferrovia. O Ferroanel de São Paulo é hoje uma obra mais importante do que a terceira pista.
A tese é semelhante à defendida pelo secretário estadual dos Transportes de São Paulo, Mauro Arce. Cada vez que é cobrado sobre novos acessos ao Porto de Santos, ele diz que não quer incentivar ainda mais o transporte rodoviário de carga, hoje responsável por 85% das mercadorias que entram e saem do complexo santista.
Apesar da propalada preferência pelo modal, o Estado não consegue transformar o discurso emrealidade einiciar a construção do Ferroanel. O projeto,umaparceriapúblicoprivada na qual a parte do governo seria custeada por meio do PAC, não vingou. Houve divergências com a concessionária MRS Logística, que participaria do projeto mas desistiu, por considerar muito baixo o valor da parte estatal no empreendimento.