Os exportadores poderão ser punidos com as novas medidas adotadas pelo governo para tentar brecar a especulação com o dólar. Se as empresas que vendem produtos lá fora aumentarem suas operações de proteção contra a variação cambial, na expectativa de aumento de receitas, elas acabarão tendo de pagar o mesmo imposto que será cobrado dos especuladores. O secretário executivo do ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu que os exportadores podem ter ’alguma perda’ em suas operações de proteção (hedge) no mercado futuro de câmbio.
Barbosa ponderou, entretanto, que, ’numa visão mais ampla’, o segmento será beneficiado, já que as medidas lançadas ontem buscam conter a valorização do real – que prejudica a rentabilidade das exportações. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que só as posições especulativas de exportadores serão punidas e as iniciativas não vão atrapalhar operações genuínas de proteção.
Para o ministro, o pacote de medidas reduzirá as apostas na valorização do real, as chamadas posições vendidas no mercado futuro. Mantega admitiu que os níveis atuais da cotação do câmbio são ’desconfortáveis’ para a economia brasileira e, sem todas as ações adotadas até agora pelo governo, a taxa de câmbio estaria ’sabe-se lá onde’, prejudicando tanto os exportadores quanto a economia como um todo.
O derretimento do dólar afeta a indústria por tornar mais caros os produtos manufaturados e, ao mesmo tempo, estimular a importação de similares estrangeiros. O fortalecimento do real tem preocupado a presidente Dilma Rousseff, que promete para a próxima semana medidas para aumentar a competitividade da indústria local. Em entrevista na semana passada, Dilma disse que observava atentamente o cenário externo. ’Quando percebermos qualquer ameaça, tomaremos medidas mais duras’, completou.