Essa frustração representa quase três vezes o valor a ser gasto pela Petrobras na exploração do pré-sal até 2013.
Depois de crescer por três anos a taxas de dois dígitos, o volume de investimentos no país sofreu um baque. Em 2009, os setores privado e público deverão investir R$ 504 bilhões. Ou seja, R$ 146 bilhões a menos do que se vislumbrava antes do agravamento da crise internacional, em setembro de 2008. Essa frustração de investimentos, que vai afetar a capacidade de produção do país nos próximos anos, representa quase três vezes o valor a ser gasto pela Petrobras na exploração das reservas do pré-sal entre 2009 e 2013.
Antes da crise de setembro, esperava-se que a formação bruta de capital fixo aumentasse 9% em 2009. Agora, estima-se uma queda de quase 15%. O economista André Carvalho, da Main Street Consultoria, que fez um estudo sobre o assunto, diz que a queda dos investimentos é o pior legado da crise, que levará um tempo considerável para ser vencido. Ao investir quase R$ 150 bilhões a menos do que se esperava, o crescimento potencial da economia brasileira cairá dos 4,5% a 5% do ano passado para a casa de 3,5% a 4%, acredita Carvalho. Conceito controvertido, criticado por economistas como o ex-ministro Antonio Delfim Netto, o PIB potencial indica o ritmo máximo de expansão que a economia pode ter sem provocar um aumento da inflação.
Uma retomada mais consistente do investimento tende a ocorrer no fim do ano e ganhar força em 2010, acreditam analistas. A avaliação unânime é de que a economia deixou a recessão para trás no segundo trimestre, em razão, principalmente, do consumo das famílias e do governo. A existência de capacidade ociosa na indústria é um fator fundamental para retardar a retomada do investimento. Em agosto, o nível de utilização de capacidade instalada estava em 81,3%, na série livre de influências sazonais, acima dos 77,6% de fevereiro – o pior momento do ano -, mas ainda muito abaixo dos 86,7% de junho de 2008.