Com FHC, a Transpetro não encomendou um navio no Brasil -e importou dois. Em plataformas, a norma era importação, com raras exceções. Já com Lula e Dilma, os projetos são super-ousados, segundo relata Augusto Mendonça, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav). A Petrobras tem 137 plataformas e sondas e quer encomendar mais 105, até 2020; em barcos de apoio, a estatal tem 287 e quer ordenar mais 542 até o fim da década e, em navios – tanto da Transpetro como de privados – há expectativa firme de 139 unidades até 2020.
Mas, frisa Mendonça, a meta de conteúdo local tem de se basear na eficiência – tantao do estaleiro como dos fornecedores de peças e equipamentos. E há obstáculos para atender a uma demanda estimada em US$ 180 bilhões até 2020. Pesquisa da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), citada por Mendonça, aponta que 76% dos fornecedores criticam a elevada tributação; 55% pedem mais mão de obra qualificada, enquanto 40% lamentam o elevado custo de capital; 35% chamam a atenção para a burocracia existente e 29% criticam as dificuldades para acesso a tecnologia e a maquinário de ponta. Já 28% destacam o difícil acesso ao crédito e 26% denunciam o alto custo da matéria prima.
Entre as sugestões, a Abenav destaca redução de custos, desenvolvimento de tecnologia, investimento maciço do governo em qualificação e coordenação entre as agências do governo. A Abenav pretende defender, junto aos governos – federal, estaduais e municipais – incentivos fiscais e tributários e novas condições de apoio para as empresas do setor, a exemplo do que ocorreu em países que usaram o petróleo para dinamizar sua indústria: Queremos uma indústria nacional sólida, como Noruega, Inglaterra, Coréia do Sul e Cingapura. Segundo Mendonça, essa transformação deverá ocorrer com base em competitividade e participação da base industrial, com novos produtos, novas tecnologias e sem se descartar associação com empresas estrangeiras – para produzir localmente. De acordo com Mendonça, os estaleiros, que hoje empregam 65 mil pessoas – sem contar o segmento de barcos de lazer – podem chegar a 100 mil empregados diretos em 2016.
Dados do Sindicato da Construção Naval (Sinaval) apontam 11 novos estaleiros: Alusa-Galvão (RJ), Eisa-Alagoas, Hermasa (AM), Corema (BA); Estaleiros do Brasil (RS), Odebrecht-UTC-OAS (BA); Promar-Pernambuco, São Miguel (RJ), STX-Quissamí (RJ), Wilson, Sons (RS) e OSX-Porto do Açu (RJ). Em expansão estão sete estaleiros: Aliança (RJ), Mac Laren (RJ), Mauá (RJ), Renave (RJ), Rio Grande (RS), TWB (SC) e Wilson, Sons-Guarujá (SP).