Volume autorizado no Ocerj 10 dobra em processo de ramp up para escoar GLP processado no Gaslub. Adutora que transporta água será convertida em oleoduto

A Petrobras prevê adaptar o sistema atual de dutos do Complexo de Energias Boaventura (CEB), localizado em Itaboraí, no Rio de Janeiro, para abrigar a produção de novos combustíveis. O empreendimento foi concebido originalmente como um imenso polo petroquímico, o Comperj, em meados da década de 2000, mas entre polêmicas com licenças ambientais, Lava-Jato e mudanças de gestão, foi limitado na década seguinte ao processamento de gás natural, sendo rebatizado de Gaslub.
Os planos mais ousados para o Comperj voltaram a todo vapor na gestão atual. Há cerca de dois anos a Petrobras retomou tratativas para produzir outros derivados além de gás, como lubrificantes, diesel e combustível de aviação com conteúdo renovável (SAF). Uma instalação de CCUS também está prevista no local.
Com os novos produtos, a empresa deverá fazer adaptações no sistema dutoviário. A empresa informou à Brasil Energia que não haverá alteração na configuração atualmente prevista para o sistema de dutos, mas será realizada uma conversão da atual adutora (Aderj 26″) para duto de operação com hidrocarbonetos e ainda a completação das obras do duto de claros (Ocerj 26″).
A adutora de 26” liga a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao Boaventura e será convertida em oleoduto, passando a se chamar Ocerj 26”. O futuro duto levará gasóleo para ser processado no Boaventura.
“Não há previsão de implantação de novos dutos nas faixas. Todos os dutos já possuem Licenças de Instalação ou Operação vigentes, emitida pelo INEA”, informou a companhia por meio de sua gerência de imprensa.
A Petrobras obteve em maio de 2023 Licença de Instalação para seu sistema dutoviário que inclui a implantação de quatro dutos de 48 quilômetros para transporte de petróleo, GLP, nafta, diesel, QAV.
Licenças de Operação
Para operar definitivamente este sistema de dutos, a Petrobras precisa ainda de licenças de operação emitidas pelo órgão ambiental do Rio de Janeiro. Pelo menos uma delas está em estágio avançado de tramitação, para um duto que foi autorizado recentemente pela ANP a quase dobrar o escoamento. Segundo a Petrobras, o processo de obtenção da Licença de Operação para o duto Ocerj 10″ está em fase final de tramitação junto ao Inea.
Fundamental para escoar o GLP produzido na Unidade de Processamento de Gás Natural do Complexo, o duto faz o transporte do derivado do Complexo de Energias Boaventura para o Terminal de Campos Elíseos (Tecam), em Duque de Caxias. O destino final depende da demanda. Normalmente o produto é transportado até o terminal aquaviário de Ilha d’Água, no terminal de Ilha Redonda ou terminal de Ilha Comprida. Dali carregado em navios para atendimento ao mercado brasileiro.
Antes da autorização da reguladora, o Inea emitiu em julho deste ano uma notificação de “nada a opor” para a pré-operação do Ocerj 10 com vazão de até 460 m³/h. A autorização anterior era cerca de metade deste número. Esta autorização de pré-operação do duto foi autorizada a começar no final de agosto, para um período de até 180 dias, conforme previsto na Licença de Instalação.
Segundo a Petrobras, neste mês de outubro estão sendo movimentados pelo duto 127 mil m³ de GLP por mês no duto como parte do processo de ramp up (elevação progressiva), “não devendo ser considerado como referência de uso permanente”, conforme pondera a Petrobras.
Entre outros dutos relacionados ao Boaventura, a Petrobras conseguiu licença de operação para o gasoduto Guapimirim-Comperj I (Gaserj) de 11 km de extensão, destinado ao transporte bidirecional de gás natural entre o Ponto de Entrega em Guapimirim e o Polo Gaslub em Itaboraí, localizado nos municípios de Itaboraí, Cachoeiras de Macacu e Guapimirim.
A Licença de Operação para o emissário de efluentes, que vai despejar resíduos no mar da praia de Itaipuaçu, em Maricá, também foi concedida. Trata-se de um Duto terrestre de 32”, que leva efluentes industriais tratados do Complexo de Energias Boaventura até Itaipuaçu-Maricá.
Dutos que já operam
Atualmente estão operando quatro dutos na faixa do Boaventura com a Reduc, inclusive a adutora de 26” que será convertida em oleoduto e o Ocerj 10″ com autorização para pré-operar. O Gaserj 16″, um gasoduto de 16” que liga o CEB ao Ponto de Entrega (PE) de Guapimirim e o Gasig, de propriedade da NTS, um gasoduto de 24” que liga o CEB ao PE de Guapimirim.
A companhia deu início a uma série de licitações no ano passado no Boaventura para serviços de engenharia, projeto, equipamentos e montagem. Os certames consideram a construção de unidades de Hidrocraqueamento Catalítico (HCC), de Hidrotratamento (HDT), de Desparafinação por Isomerização por Hidrogênio (HIDW); Unidade de Geração de Hidrogênio, HDT, UTAA e UTCR, URE, MDEA, Amônia e Tail Gas e UGH. Os editais também incluem unidades UTCR (U-2500, U-4130, U-4510, U-4550, U-4570, SE-2500 e SE-4500) se referem também a plantas de combustíveis e lubrificantes além de gás.
Desde novembro de 2024, a Petrobras opera comercialmente na Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Complexo de Energias Boaventura. O segundo módulo da unidade entrou em operação comercial em maio deste ano, com capacidade de processamento de até 21 milhões de m³/dia.
A UPGN do Boaventura faz parte do Projeto Integrado Rota 3 da Petrobras, por onde é escoado gás natural de campos de produção do pré-sal da Bacia de Santos, como Tupi, Búzios, Sapinhoá, entre outros.
Fonte: Revista Brasil Energia