Empresas chinesas e estatal compraram os 37,5 milhões de barris a serem produzidos por Mero e Búzios em 2025; ágio resulta em arrecadação de R$ 17 bilhões, maior valor já pago nos leilões

A Petrobras e as chinesas CNOOC e Petrochina foram as vencedoras do 4º leilão de petróleo da União, realizado nesta quarta-feira (31) na sede da B3, em São Paulo. O volume vendido, de 37,5 milhões de barris, vão gerar receita de R$ 17 bilhões para o governo em 2025, quando o óleo será produzido.
Para o leilão, o volume total de óleo foi separado em três lotes do campo de Mero, sendo dois de 12 milhões de barris e um de 11 milhões, e um lote de Búzios, de 2,5 milhões de barris. De acordo com a PPSA, os lotes equivalem a uma entrega de aproximadamente 66 cargas de 500 mil barris em 12 meses do próximo ano, com entregas a partir de abril.
Pelo edital, o vencedor seria o que oferecesse o menor desconto sobre o valor do Brent datado, com limite mínimo de desconto de US$ 4,40 por barril de Mero e US$ 4,25 de Búzios. Das 10 empresas habilitadas, sete enviaram propostas – CNOOC, Galp, Petrobras, Prio, Refinaria de Mataripe, Petrochina e TotalEnergies –, e as propostas vencedoras foram:
- Lote Mero 1, de 12 milhões de barris do FPSO Guanabara: Petrobras, com desconto de US$ 1,85/barril
- Lote Mero 2, de 12 milhões de barris do FPSO Sepetiba: CNOOC, com desconto de US$ 1,59/barril
- Lote Mero 3, 11 milhões de barris dos FPSOs Duque de Caxias e Pioneiro de Libra: Petrochina, com desconto de US$ 1,35/barril
- Lote Búzios, 2,5 milhões de barris das plataformas P-74, P-75, P-76, P-77 e Almirante Barroso: Petrobras, com desconto de US$ 1,85/barril
Nos lotes de Mero 2 e 3 e no de Búzios, como as duas melhores propostas tiveram diferença igual ou inferior a US$ 0,40, a disputa passou a ser direta, por viva voz. Em Mero 2 disputaram Petrobras e CNOOC, em Mero 3, Petrobras e Petrochina, e em Búzios, Petrobras e Prio e CNOOC.
Os volumes comercializados são estimativas da futura parcela de petróleo da União nestes campos, e o comprador, ao arrematar o lote, terá disponível toda a carga nomeada em 2025, ainda que seja maior ou menor ao volume estipulado no edital.
Para PPSA, resultado foi extraordinário
O resultado superou as expectativas da PPSA, de arrecadar R$ 15 bilhões com a venda. “Hoje nós conseguimos resultados extraordinários para a sociedade brasileira, cumprindo nosso papel de maximizar os resultados para a União. Se a gente pegar o resultado do 3º leilão, o nosso melhor até agora, ele performou a Brent menos US$ 5,98 para o campo de Mero e Brent menos US$ 7,12 para o campo de Búzios. Quando colocamos os limites mínimos da primeira etapa desse leilão em US$ 4,40 e US$ 4,25, queríamos ter um recorde de arrecadação futura, recorde de ágio para a União e o que nos trouxe hoje foi algo que nos surpreendeu de todas as maneiras”, comemorou a presidente interina da PPSA, Tabita Loureiro, ao final do leilão.
“São 37,5 milhões de barris, o que significa 100 mil barris/dia de produção sendo ofertados. Em 2029, [esses volumes] se multiplicarão por cinco, porque a produção da União vai superar os 500 mil barris/dia, portanto, se vamos arrecadar R$ 17 bilhões em 2025, em 2029 nós estamos falando de R$ 70, 80, 90 bilhões entregues pelos contratos de partilha para a União”, completou Tabita.
O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que também acompanhou o leilão na B3, disse que é fundamental que continuemos trabalhando para garantir mais produção, mais arrecadação, mais capacidade nacional e para reduzirmos a dependência de importações. “Nós somos o 9º maior produtor mundial de petróleo e o maior da América do Sul. O Brasil tem as maiores reservas ultra profundas recuperáveis de petróleo em todo o planeta. Mas precisamos lutar pela independência energética e pelo crescimento econômico do povo brasileiro”, afirmou o Ministro.
Ineep aponta benefícios do leilão
Para o pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) Francismar Ferreira, os valores arrecadados pela estatal contribuirão de forma significativa para áreas estratégicas como educação e saúde, conforme estabelecido pelo regime de partilha.
Ele atribuiu o papel de destaque da Petrobras neste e nos dois leilões anteriores, entre outros fatores, “ao fato dela ser operadora dos campos com cargas ofertadas e possuir experiência e estruturas logística e de refino no Brasil, o que pode representar vantagens competitivas em relação às demais concorrentes”.
A maior atratividade do leilão, para Ferreira, relaciona-se com o aumento do número de participantes, a mudança no formato, permitindo a participação das interessadas individualmente ou em consórcios e em conjunto, e a definição dos preços de referência de comercialização, antes baseados nos preços de referência da ANP e agora utilizando o Brent datado.
“As cargas de petróleo comercializadas pela PPSA representam ganhos para o país, decorrentes do regime de partilha que prevê a parcela de óleo excedente destinado à União. Além disso, os recursos obtidos com a comercialização pela PPSA desse petróleo da União são destinados ao Fundo Social, também previsto pelo sistema de partilha. Destinam-se para a educação, saúde e transição energética e acabam se convertendo em benefícios que extrapolam a produção de petróleo em si, e contribuem para o desenvolvimento do país”, comentou Ferreira.
Fonte: Revista Brasil Energia