A Petrobras e a hispano-argentina Repsol-YPF negociam esta semana com o governo argentino a defesa de seus negócios, acusadas de não fazer investimentos, informaram ontem fontes oficiais e empresariais.
O ministro do Planejamento argentino, Júlio De Vido, receberá hoje diretores da Petrobras e autoridades de Neuquén, província que acaba de cancelar uma área de exploração. Cumprimos os planos de investimentos em torno dos US$ 10 milhões no último triênio, disse em Buenos Aires uma fonte da companhia brasileira. O presidente da Repsol-YPF, Antônio Brufau, formalizou pedidos de audiência com as autoridades com o objetivo de continuar o diálogo com o governo”. A Repsol-YPF, maior empresa da Argentina, perdeu nas últimas semanas 13 áreas de concessão para explorar hidrocarbonetos. Versões da imprensa local afirmam que é iminente um anúncio da presidente Cristina Kirchner no sentido de estabelecer algum tipo de intervenção estatal na companhia privatizada nos anos 1990.
Em breve, a decisão do governo será comprar uma quantidade de ações e controlar a YPF, disse Federico Bernal, analista do setor de petróleo. As ações da YPF caíram ontem na Bolsa de Buenos Aires (-2%), assim como as da Petrobras (-4,7%). Kirchner e as províncias criticam a Repsol-YPF por não ter feito investimentos, o que levou ao aumento das importações de hidrocarbonetos que superaram os US$ 9 bilhões em 2011, reduzindo o superávit comercial. A empresa rejeitou o argumento oficial e informou que há uma previsão de 15 bilhões de pesos (US$ 3,4 bilhões) para este ano, compromisso que supera os mais de 13,3 bilhões de pesos investidos durante 2011.
Entretanto, um documento das províncias petroleiras afirma que a empresa reduziu em cerca de 30%-35% sua produção de petróleo nos últimos anos e em mais de 40% a de gás.
Na última década, a queda da produção de petróleo e gás no país foi de 18% e 11%, respectivamente, por investimento insuficiente de algumas empresas, disseram as províncias. A produção global de petróleo na Argentina atingiu em 2011 os 796.000 barris diários, quase sem mudança em relação a 2009 e 2010.