
A Petrobras espera iniciar a injeção de CO2 do projeto-piloto do hub de captura e armazenamento de CO2 (CCUS) no estado do Rio de Janeiro em 2027, afirmou o gerente de CCUS da estatal, Cláudio Ziglio, durante o workshop “Descarbonização da cadeia do Óleo e Gás e uso do Hidrogênio na Indústria”, que foi organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), nesta segunda-feira (5).
Neste projeto – que teve o acordo fechado em dezembro de 2023 -, a estatal irá retirar o CO2, que já é processado na Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (Macaé), transportar até a Estação de Barra do Furado (Quissamã) e, depois, injetar e armazenar em um reservatório salino nas águas rasas da Bacia de Campos.
“Neste piloto, nós vamos testar várias tecnologias e ideias. Desde como transportar o CO2, como tratar a corrente, mas, principalmente, como injetar o CO2 nesse reservatório de água salina e como monitorar a frente de CO2 que vai ‘caminhar’, vai ser injetada no reservatório”, explicou Ziglio.
O executivo explicou que a escolha pelo RJ se deu por ser o estado bastante industrializado e com emissões hard to abate, além de já existir uma infraestrutura de transporte de gás e uma boa formação geológica para armazenar o gás carbônico – nesse caso, as bacias de Campos e Santos.
Em relação aos projetos de CCUS no Brasil, Cláudio Ziglio apontou ser necessário estudar a infraestrutura existente, para baratear os projetos; desenvolver tecnologias de baixo custo, formar consórcios entre empresas. “O próprio [projeto] piloto vai nos dar confiança e reduzir custos em algumas questões para poder aplicá-lo”, completou o executivo.
Redução do flare do gás e eletrificação
Também neste workshop, o gerente de ativos da Equinor Brasil, Eric Hodneland, falou sobre a importância em reduzir o flare do gás e minimizar a emissão de metano.
“Se você não consegue achar soluções técnicas para não realizar o flare, você vai ter problemas em implementar ganhos de eficiência energética no controle do flare”, disse Hodneland. Outra ponto levantado pelo gerente foi como a eletrificação é o “grande” contribuidor para diminuir as emissões de CO2, sendo responsável por 58% da redução em 2030 na Noruega.
No caso de eletrificação no Brasil, Eric Hodneland é otimista, mas há alguns desafios. “Você pode tornar a energia limpa com eletrificação, mas precisa de um fornecedor de eletricidade e ele tem que vir de algum lugar”, apontou.
Segunda etapa do Programa de Transição Energética (PTE2)
O evento fez parte do 2º Workshop do Programa de Transição Energética (PTE2). O PTE2 foi desenvolvido em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) e conta com a participação de parceiros como BID, BNDES, BP, EDP, Engie, Equinor, ExxonMobil, Shell, Siemens Energy e Vibra e colaboração técnica da COPPE e da USP
Seu objetivo é desenvolver roadmaps setoriais para o período de 2025 a 2040, estabelecendo requisitos institucionais, regulatórios e de políticas públicas que não apenas alcancem a neutralidade de emissões no Brasil, mas também posicionem o país como um provedor global de soluções verdes.
O PTE foi iniciado em 2021 e sua primeira fase desenvolveu cenários para o país atingir a neutralidade das emissões de carbono até 2050. Estas iniciativas forneceram subsídios para a formulação de políticas públicas e definição, por parte das empresas, de estratégias de neutralidade. Os resultados dessa fase inicial foram apresentados em relatórios analíticos, influenciando a Política Nacional de Transição Energética do MME.
O primeiro workshop foi sobre o Setor Elétrico e aconteceu em 17 de janeiro, com apresentações da EDP Brasil e da Engie Brasil sobre a experiência com projetos de hidrogênio no Ceará e de mobilidade elétrica. Também foram apresentadas as ações realizadas no âmbito dos desafios trazidos pelo aumento da participação de fontes intermitentes.
Os temas do próximo Workshop, em 26 de fevereiro, serão biocombustíveis e o setor de transporte.
Fonte: Revista Portos e Navios