A bacia do litoral sul do país atraiu o investimento das três grandes petrolíferas, durante leilão de áreas exploratórias. O ágio chegou a 463%
PorFernanda Nunes Em 13/12/2023

A Bacia de Pelotas foi o destaque do 4º Ciclo de Oferta Permanente, realizado nesta quarta-feira, 13, pela ANP. Com o pré-sal dando sinais de esgotamento e a Bacia de Campos em fase madura, Petrobras, Shell e Chevron se lançaram, dessa vez, para o litoral sul do país.
A maior parte das ofertas vencedoras foi arrematada sem ágio sobre o valor mínimo estipulado em edital, o que demonstra que a indústria está disposta a apostar na região como nova fronteira exploratória, mas não quer gastar todas as fichas nela. Algumas áreas, no entanto, mereceram lances maiores.
A Chevron pagou R$ 109 milhões de bônus de assinatura – com ágio de 463% e previsão de investimento de R$ 435,9 milhões – pelo setor SP-AP1. O segundo maior lance foi dado pelo setor SP-AUP2, pela Petrobras e Shell, em consórcio, e pela Chevron, que arrematou um bloco. O bônus somado de toda área foi de R$ 77,7 milhões – ágio de 252% e investimento projetado de R$ 282,3 milhões.
Outro destaque da concorrência pela Bacia de Pelotas foi a estratégia da Petrobras de se associar com a Shell, com participações de 70% e 30%, respectivamente. Na disputa por algumas áreas, a CNOOC também entrou em consórcio com as duas empresas, com 20% de participação. Neste caso, a presença da Petrobras foi reduzida a 50%, mas, ainda assim, a estatal se manteve como operadora em todos os projetos em Pelotas, tomando a dianteira na exploração da região.
A Shell, por sua vez, com essas aquisições, estende a sua presença do Maranhão ao Rio Grande do Sul. A empresa possui áreas exploratórias na margem equatorial da Bacia de Barreirinhas, à espera de licenciamento ambiental, e, agora, na bacia de Pelotas.
“As grandes descobertas nas bacias de Campos e Santos já aconteceram. Por isso, há uma tentativa do governo brasileiro e da Petrobras, e a gente acredita nessa direção, que o Brasil deveria abrir novas bacias exploratórias. Tudo que está na costa do Brasil que não é Campos ou Santos é nova fronteira”, afirmou o presidente da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa, em recente encontro com a imprensa.
O mercado tem a expectativa de que a geologias e as oportunidades na Bacia de Pelotas reflitam o sucesso exploratório na Namíbia. Em entrevista ao PetróleoHoje, a analista de pesquisa sênior da Wood Mackenzie, Glauce Santos, ressaltou, no entanto, que a região ainda não foi plenamente estudada e, por isso, o risco exploratório do investimento é alto.
“É tudo muito incerto. A sísmica 2D permite o mapeamento do reservatório, dos selos, da rocha geradora, mas é preciso uma sísmica melhor, 3D, para gerar os modelos, fazer os estudos, observar os resultados desses estudos”, afirmou Santos.
Já o diretor de Pesquisa Upstream da consultoria, Marcelo De Assis, destacou, na entrevista, que os dados de Pelotas foram adquiridos há cerca de 20 anos, com o uso de tecnologias e sondas que já não são as mesmas das utilizadas atualmente.
Fonte: Revista Brasil Energia