O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou no início da semana que a estatal mantém a intenção de concluir a venda de ativos até o final deste ano. O Plano de Negócios 2012-2016 da companhia prevê desinvestimentos de US$ 14,8 bilhões até 2016, mas a direção da companhia já afirmou mais de uma vez que uma parte dessas operações deve ocorrer ainda em 2012.
O executivo também destacou que nenhuma premissa da companhia foi alterada, a despeito do prejuízo de R$ 1,346 bilhão registrado no segundo trimestre. Vamos manter os indicadores de alavancagem em nível com o anunciado, afirmou o executivo. A companhia, por exemplo, quer manter a alavancagem líquida, relação entre o endividamento líquido e o patrimônio líquido, abaixo de 35%.
No segundo trimestre, o índice alcançou 28%, alta de quatro pontos porcentuais em relação ao patamar de março. A elevação, segundo Barbassa, tem origem principalmente no impacto do câmbio nas dívidas em dólar. O endividamento líquido somou US$ 65,9 bilhões, contra US$ 58,3 bilhões no primeiro trimestre.
Apesar do prejuízo no segundo trimestre, o resultado operacional no perãodo foi classificado como excelente pelo diretor financeiro. Entretanto, Barbassa admitiu que esse bom desempenho não conseguiu neutralizar o impacto negativo do resultado financeiro no perãodo.
Barbassa lembrou que houve um aumento na produção de derivados em função da maior carga processada. Além disso, o parque de refino registrou maiores taxas de utilização, com um recorde mensal de processamento em junho (de 98,7%).
Dólar x Custo – Barbassa também afirmou que a valorização do dólar em relação ao real no segundo trimestre do ano influenciou o aumento do custo do produto vendido (CPV) da Petrobrás. O produto adquirido no exterior para suprir a demanda adicional no Brasil teve um custo maior, disse o executivo.
Outro impacto no intervalo, de acordo com ele, foi o maior efeito dos poços secos, que cresceram significativamente no perãodo, afirmou.
Em seu balanço divulgado na última sexta-feira, a companhia informou que o custo de extração de petróleo (lifting cost) no Brasil foi de US$ 13,40 por barril no segundo trimestre de 2012, uma alta de 2,1% em relação aos US$ 13,12 por barril apurados pela estatal em igual trimestre do ano anterior. O indicador desconsidera as participações governamentais. Incluindo as taxas pagas ao governo, como royalties e participações especiais, o custo de extração caiu 8,1% em relação ao segundo trimestre de 2011, para US$ 32,16 por barril.
Já a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, disse que tem confiança e convicção de que a petroleira conquistará resultados mais prósperos ao longo dos próximos trimestres e no próximo ano. Não acredito que fatores que influenciaram o nosso resultado (no segundo trimestre) irão acontecer na mesma dimensão que ocorreram neste, afirmou.
A principal executiva da estatal explicou que resolveu participar da teleconferência realizada nesta segunda-feira com investidores e analistas exatamente por conta do prejuízo apresentado pela companhia. Tradicionalmente o CEO não viria apresentar, mas não poderia deixar de explicar juntamente com os diretores o resultado negativo, afirmou ela. Acredito na empresa que estou presidindo, temos pessoal qualificado, sabemos operar e estamos investindo bilhões ao longo dos anos em pesquisa e desenvolvimento.