Petrobras nega o incidente e diz que já começou a desligar a plataforma interditada pela ANP.
Depois da interdição da plataforma P-33 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), ontem um novo vazamento em uma tubulação de óleo dentro da plataforma foi denunciado pelos petroleiros, exatamente onde havia um reparo provisório. A Petrobras nega o vazamento e diz que já começou a parar a plataforma.
Segundo a Petrobras, os equipamentos precisam ser desligados aos poucos.
— Houve um vazamento na braçadeira, onde já havia um reparo provisório, que durou quatro horas. Mas já foi controlado — afirmou Armando Freitas, diretor de Saúde e Segurança do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense.
Ontem, a Petrobras respondeu às acusações feitas pela ANP na interdição da plataforma.
A agência reguladora identificou “significativos desvios de segurança”.
No ofício enviado à estatal, citou “a existência de análises de risco obsoletas em relação a realidade operacional da unidade”. No ofício enviado à estatal, a ANP afirmou que há “equipamentos críticos com planos de manutenção expirados”.
Além disso, afirmou que acidentes ocorridos dentro da plataforma não foram comunicados ao órgão regulador, “dentre outros problemas de integridade mecânica e elétrica”.
A ANP constatou também modificação em sistemas em relação à documentação de segurança operacional. A Petrobras afirma que houve a instalação provisória de geradores “para substituir temporariamente o sistema de geração a vapor da plataforma, durante a manutenção da caldeira”. E, por serem provisórios, não foram inseridos na documentação.
A companhia afirma que as análises de riscos, consideradas obsoletas pela ANP, foram atualizadas em 2007, com validade até 2012.
Explosão de julho não foi informada à ANP Sobre os planos de manutenção expirados, a Petrobras informou que reduziu 50 vagas na plataforma, obedecendo determinação da Superintendência Regional do Trabalho, e teve de reprogramar a manutenção. “Os atrasos serão corrigidos na parada programada da plataforma”, diz a Petrobras.
A companhia afirmou que a interdição da plataforma, por tempo indeterminado até que as pendências de segurança sejam resolvidas, não afetará a meta de produção nacional de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia nem a exportação do combustível. A maior parte da produção do Campo de Marlim, onde fica a P-33, é exportada.
Respondendo à acusação da ANP de que acidentes não foram comunicados, a Petrobras classificou a explosão do dia 14 de julho, que projetou uma porta de aço de um casulo do turbocompressor de gás, como uma ocorrência. Portanto, não configurando acidente: “a ocorrência verificada no dia 14/07/2010 não caracterizou dano ao meio ambiente ou à saúde humana, nem ferimento de qualquer natureza para pessoal próprio e para terceiros”.
A estatal, na nota, informou que antecipará a parada programada para manutenção, prevista para outubro, e fará os reparos dos sistemas elétricos e de proteção condenados pela ANP. Na nota, afirma que “os serviços priorizados de recuperação de tubulações, guarda-corpos e grades de piso, bem como a remoção de cabos elétricos que estão fora de uso, serão realizados antes ou durante a próxima parada programada”.
Marinha instaurou inquérito sobre plataformas P-35 e P-33 A Marinha instaurou inquérito para apurar os acidentes ocorridos na P-33 e na P-35.
A Petrobras tem 15 dias para recorrer das medidas da ANP, mas, antes da interdição total da P-33, auditores fiscais do trabalho já haviam interditado três filtros de óleo que comprometiam a produção de gás. A Petrobras conseguiu a liberação dos equipamentos na Justiça.
Na ocasião, no início do mês, os auditores identificaram 11 infrações de segurança e autuaram a companhia.
Depois da inspeção dos fiscais, mais de cem petroleiros fizeram uma assembleia para denunciar as precárias condições de segurança da plataforma.