
A PetroReconcavo pretende ofertar a capacidade ociosa de suas sondas para terceiros, afirmou José Firmo, CEO da companhia, em teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2023 realizada nesta quarta-feira (6). Segundo o executivo, a medida traz flexibilidade, proteção contra os efeitos de preço e oportunidade de integração entre parceiros do onshore, algo que ele considera fundamental para o onshore brasileiro.
“Eu vim para a companhia com a experiência de quase toda uma vida na indústria de serviços e tive, como uma das minhas primeiras ações, a investigação e o entendimento do potencial do RSO [Sondas e Serviços] (…) Estamos discutindo com alguns parceiros essas opções, e estamos olhando o nosso horizonte de utilização de sondas à luz de oportunidades para firmar essas parcerias”, explicou Firmo durante a teleconferência.
Atualmente, a PetroReconcavo dispõe de 12 sondas de workover, sendo seis no Ativo Bahia e seis no Ativo Potiguar, além de duas sondas de perfuração (a PR-04 e a PR-21) que estão, no momento, em operação no Ativo Potiguar. É esperada, ainda, a chegada de uma terceira sonda de perfuração: a PR-14 (habilitada para poços profundos), que deverá ser comissionada no primeiro semestre e estar pronta para uso no segundo semestre.

A chegada da sonda PR-14, que é habilitada para projetos de poços com profundidade de até 5 mil m, também será importante para o desenvolvimento de atividades no Ativo Bahia, que receberá uma atenção maior da companhia neste ano, afirmou Troy Finney, diretor de Operações da PetroReconcavo, durante a apresentação.
“Vamos focar mais na Bahia neste ano em comparação aos outros, especialmente com o advento desses novos equipamentos. Temos planos de começar as atividades de desenvolvimento em vários campos, como Tiê e em outros targets de gás que vimos no cluster Miranga”, explicou Finney.
O Ativo Bahia é operado por duas companhias: a PetroRecôncavo S/A, que possui 24 concessões operadas, e a SPE Tiêta S/A (antiga Maha Energy Brasil, adquirida pela PetroReconcavo), que possui duas concessões operadas e cinco blocos exploratórios. Já o Ativo Potiguar é formado por 29 concessões operadas, duas concessões operadas por parceiro e três blocos exploratórios no âmbito da PetroRecôncavo S/A.
“No ano passado focamos bastante no Complexo Sabiá, em Potiguar, e tivemos resultados bem positivos deste trabalho. Continuamos vendo isso no nosso portfólio, nessa continuidade do desenvolvimento, porque essa área possui tremendo potencial”, destacou Finney. Em 2023, a companhia perfurou 20 poços no Complexo Sabiá e executou 126 projetos de workover, com destaque para projetos de fraturamento hidráulico e recompletação.
Proposta de combinação com a 3R Petroleum e UPGN Guamaré
O CEO da PetroReconcavo também informou que a gerência e o conselho da companhia veem mérito na potencial combinação de negócios entre a PetroReconcavo e a 3R Petroleum, sugerida por meio da uma carta da Maha Energy enviada para a 3R em janeiro deste ano.
“Temos a obrigação e vamos seguir com uma avaliação bastante diligente e eficiente dessa oportunidade. A oportunidade de separação do onshore e offshore era uma das grandes barreiras para essa integração, e essa transação parte da premissa de que essa barreira é eliminada logo de início”, disse Firmo.
Segundo João Vitor Moreira, diretor de Comercialização e Novos Negócios da PetroReconcavo, a companhia já iniciou uma discussão com o management da 3R e assinou um acordo de confidencialidade.
“Ainda é muito cedo para definir passos ou para decidir sobre qualquer outra questão, mas temos trocado informações técnicas para que as empresas possam avaliar os eventuais méritos do processo trazido ao mercado, de fusão ou de qualquer outro tipo de transação que possa ser construído”, explicou Moreira.
A carta enviada pela Maha Energy sugere, em resumo, que os ativos onshore da 3R (concessões, midstream e downstream) sejam repassados para um outro player, como a PetroReconcavo, em uma transação 50/50, de modo que a 3R concentre os seus esforços nos seus ativos do offshore (Polo Papa-Terra e o Polo Peroá).
Por fim, José Firmo afirmou que a companhia não conseguiu chegar a um acordo com a 3R para o uso compartilhado da UPGN Guamaré, localizada no Polo Potiguar, no Rio Grande do Norte. “A construção de uma UPGN exclusiva hoje [para escoamento da produção] não é uma alternativa boa, mas a companhia deve estudar todas as alternativas disponíveis, e é isso que vamos fazer”, finalizou o CEO da PetroReconcavo.
Financeiro
A PetroReconcavo teve uma receita líquida de R$ 689 milhões no 4T23, representando uma redução de 8% ante o trimestre anterior (R$ 747 milhões). O lucro líquido reportado foi de R$ 187 milhões no 4T23, o que corresponde a um aumento de 29% em comparação com o trimestre anterior (R$ 145 milhões).
No 4T23, a companhia registrou uma produção média de 25,4 mil boed, redução de 9% versus o 3T23 (27,9 mil boed), sendo 12,7 mil boed no Ativo Potiguar (representando uma redução de 17% ante o 3T23, cuja média foi de 15,3 mil boed), e de 12,6 mil boed no Ativo Bahia (alinhado com os volumes do 3T23).
Fonte: Revista Brasil Energia