
De acordo com APS, 7 em cada 10 navios que chegam da China ao complexo portuário santista podem sofrer algum tipo de efeito em razão de interrupção do tráfego de petroleiros no canal no Oriente Médio, o que pode ser repassado às tarifas
O presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, disse nesta segunda-feira (23) que, 7 em cada 10 navios que chegam ao Porto de Santos (SP) poderão sofrer algum tipo de impacto em caso de suspensão do tráfego no Canal de Ormuz, área estratégica por onde passam aproximadamente 70% do combustível que abastece a China e que o Irã ameaça fechar em razão do conflito com Israel e os Estados Unidos. Pomini avalia que esse impacto à navegação mundial se dará, pelo menos, sobre o preço do petróleo, o que poderá recair sobre as tarifas portuárias.
Ele ressaltou que, nos últimos dias, a possibilidade de fechamento dessa passagem vem gerando debate sobre a infraestrutura da navegação em razão do conflito. “Todos os países, principalmente aqueles que contam com infraestrutura portuária como o Brasil, sofrerão impactos diretos ou indiretos. Daí a importância de estarmos atentos a essas ações”, comentou Pomini, que participou da reunião híbrida do Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos da Associação Comercial do Estado de São Paulo (Comus/ACSP).
De acordo com a APS, somente da China, o Porto de Santos recebeu 1.302 navios em 2024, uma média de 110 navios por mês. “Se 70% desta frota passar a ostentar dificuldade para alimentar os seus navios com esse óleo que utiliza esse estreito, teremos um impacto gigantesco no Porto de Santos sobre esta frota, levando em consideração que a China é um dos principais clientes do Porto de Santos”, afirmou Pomini.
Também nesta segunda-feira (23), a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) alertou que um possível encarecimento do petróleo no mercado internacional, com o agravamento do conflito no Oriente Médio, deve elevar os custos de produção em todo o mundo, reforçando o aumento de preços dos derivados e se espalhando por outras indústrias.
“Estamos preocupados pelo preço do petróleo e, também, pelos impactos que o fechamento do Estreito de Ormuz pode ter em outras cadeias de produção”, afirmou em nota Karine Fragoso, gerente geral de petróleo, gás, energias e naval da federação, em relação ao possível fechamento, pelo Irã, de uma rota relevante do fornecimento da commodity.
De acordo com a federação, o mercado de energia já vive uma fase de preços altos globalmente, com a busca por matrizes mais limpas. A avaliação é que, neste ambiente, a redução da oferta e com manutenção da demanda inevitavelmente levaria a custos mais elevados. Como importador de equipamentos, o Brasil pode ser atingido pela alta de preços, que pode ocorrer devido à redução da oferta de energia.
A Firjan vem apontando a urgência de recomposição das reservas brasileiras para evitar que o país fique em posição de desvantagem frente a outras economias. Karine alertou para a necessidade de exploração das cinco bacias da Margem Equatorial e da Bacia de Pelotas, já que há 10 anos o Brasil tinha 23 anos de reservas provadas. Ela acrescentou que ainda é preciso aumentar a capacidade de refino para o óleo produzido no Brasil, adequando o parque industrial, que remonta à década de 1980, além de avançar em uma regulamentação que incentive o aumento de produção em campos maduros, como os da Bacia de Campos.
Fonte: Revista Portos e Navios