
Divulgação CDRJ
CDRJ diz que foca em eficiência administrativa e saneamento da empresa. Na próxima segunda-feira (20), porto completa 110 anos.
O Porto do Rio completa 110 anos, na próxima segunda-feira (20). Para aumentar a competitividade, a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) destaca os investimentos na melhoria dos acessos terrestres e aquaviários, entre eles a Avenida Portuária, uma via exclusiva para caminhões que ligará a Avenida Brasil ao porto. A CDRJ também trabalha no projeto do terminal ferroviário e na aplicação de tecnologias para aumento do calado operacional. A autoridade portuária afirma que tem atuado para atrair novos serviços e para agregar valor aos terminais existentes.
” Estamos trabalhando no aumento da competitividade dos portos, através de significativas melhorias nos acessos terrestres e marítimos, propiciando oportunidades para ganho de competitividade dos seus terminais”, informou o diretor-presidente da CDRJ, Francisco Antonio de Magalhães Laranjeira, em entrevista à Portos e Navios. Ele disse que o foco da autoridade portuária para atrair novas oportunidades está no saneamento da empresa e na maior eficiência administrativa.
Laranjeira acrescentou que existem projetos de novos arrendamentos e cessões onerosas com o objetivo de atrair investimentos e cargas para os portos. Atualmente, o Porto do Rio tem como arrendatárias as empresas ICTSI Rio (antiga Libra Terminais), Multiterminais, Pier Mauá, Triunfo Logística e o Terminal de Trigo do Rio de Janeiro (TTRJ).
Confira abaixo a entrevista:
Portos e Navios: Ainda existem gargalos no acesso terrestre ao Porto do Rio? Qual previsão de conclusão das obras da Avenida Portuária? Quais serão os ganhos para as operações do Porto do Rio?
Francisco Laranjeira: A previsão de conclusão [dessa obra] é para o início de 2021. Pelo Porto do Rio de Janeiro trafegam, diariamente, em torno de dois mil caminhões. O principal acesso do porto atualmente é o portão 24, localizado na Avenida Rio de Janeiro, em frente ao Instituto de Traumato-Ortopedia (INTO). Nesse local, há uma congruência de veículos, conflitando o trânsito de veículos de carga com o trânsito urbano da cidade, já bastante carregado.
A Avenida Brasil é o principal ponto de acesso ao Porto do Rio de Janeiro e uma ligação direta para o porto vai gerar maior eficiência, trazendo ganhos para usuários, transportadores, armadores e terminais, sem mencionar, a sociedade, através da redução do conflito com o tráfego urbano. A Companhia Docas do Rio de Janeiro está estruturando um novo portão 32, local onde será o acesso para os veículos que trafegarem pela Avenida Portuária. Esse portão terá capacidade para receber o aumento do fluxo, pois estima-se que receberá mais de 50% dos veículos destinados ao porto.
A Avenida Portuária é o projeto de infraestrutura logística de acesso ao porto mais importante para o comércio exterior do Rio de Janeiro. Se considerarmos sua expectativa, a obra irá impactar mais de 1.500 pessoas por dia, entre caminhoneiros e demais empresas ligadas à cadeia de comércio exterior. A companhia docas está melhorando a infraestrutura marítima para acesso ao porto e buscando novos arrendamentos em suas áreas operacionais, aumentando os investimentos e a relevância do porto. Precisamos garantir que o aumento da demanda também seja suportado pela capacidade de acesso terrestre.
PN: Quais têm sido os investimentos em melhorias nos acessos aquaviários ao Porto do Rio?
FL: A CDRJ, no intento de conferir maior eficiência e segurança às suas funções como autoridade portuária, vem envidando esforços no sentido de implementar um sistema de gerenciamento e informação do tráfego de embarcações, internacionalmente conhecido como Vessel Traffic Management Information System (VTMIS) nos Portos do Rio de Janeiro, Niterói e Itaguaí. O VTMIS vem a ser um moderno sistema de auxílio eletrônico à navegação, com capacidade para prover a monitoração ativa do tráfego aquaviário e a proteção ao meio ambiente em áreas em que haja intensa movimentação de embarcações ou o risco de ocorrer um acidente de grandes proporções.
A primeira fase do projeto do VTMIS prevê a implantação, no primeiro trimestre de 2021, de um Local Port Service (LPS) nos Portos do Rio de Janeiro e Itaguaí. Para tanto, estão sendo instaladas câmeras em diversos locais estratégicos para visualização dos canais de acesso, bacias de manobra e áreas marítimas dos terminais arrendados e de fundeio na Baía da Guanabara, as quais deverão estar operacionais ainda em 2020.
O LPS também contemplará a implantação de um moderno sistema de monitoramento ambiental, com a instalação de estações meteorológicas, boias meteo-oceanográficas e marégrafos, além da integração de um radar da Marinha do Brasil, a compra de estações base do sistema de identificação automática (AIS) e toda uma gama de equipamentos e sistemas para melhoria do controle e da segurança do tráfego aquaviário a serem instalados no centro de controle operacional (CCO) que irá operar em conjunto com a guarda portuária da Companhia Docas do RJ, que monitora as áreas secas do porto organizado.
Além disso, desde abril, a CDRJ, com foco no incremento do calado operacional máximo dos navios que navegam na Baía da Guanabara, empreende, em conjunto com a autoridade marítima local (Capitania dos Portos do Rio de Janeiro), Praticagem-RJ e os terminais arrendados (Multiterminais, ICTSI e Triunfo), manobras experimentais noturnas com navios porta contêineres pelo Canal de Cotunduba, mais importante acesso ao porto organizado do Rio de Janeiro, em função de sua maior profundidade em relação ao canal norte-sul (também conhecido como Canal de Santa Cruz ou pelo seu apelido de “Barra Grande”), mediante instalação de três modernas bóias articuladas submersíveis (BAS) no Canal de Cotunduba dotadas de AIS AtoN (auxílio à navegação), que darão mais segurança à navegação.
Espera-se, em futuro próximo, empregar softwares para cálculo da folga sob a quilha (vulgarmente chamada de “pé de piloto”) em tempo real (também conhecido como “calado dinâmico”), por meio de um processo que será acompanhado e homologado pela Marinha e que renderá consideráveis ganhos financeiros aos Portos do Rio de Janeiro e de Itaguaí e por conseguinte ao país, com o incremento do calado operacional máximo dos navios e a redução do volume do “frete morto”.
PN: Uma auditoria recente do Tribunal de Contas da União (TCU) apurou que os portos públicos brasileiros possuem taxa de ociosidade média de 56% e atribuiu taxa de ociosidade de 49,5% à CDRJ. De que forma a autoridade portuária tem incentivado novas oportunidades de investimentos nos portos por ela administrados?
FL: A CDRJ tem atuado de forma ativa para atrair novos serviços, para agregar valor aos terminais existentes. Temos investido na melhoria dos acessos terrestres e marítimos. Estamos trabalhando no projeto do terminal ferroviário, aplicando tecnologia para aumento do calado operacional, e por fim, buscando incessantemente o saneamento da empresa e a maior eficiência administrativa, e assim, buscando atrair novas oportunidades. Por outro lado, temos ainda diversos projetos de novos arrendamentos e cessões onerosas com o objetivo de atrair investimentos e cargas para os portos.
PN: Quais medidas estão ou precisam ser tomadas para que as operações dos terminais dos portos administrados pela CDRJ ganhem mais competitividade a nível regional e nacional?
FL: Estamos trabalhando no aumento da competitividade dos portos, através de significativas melhorias nos acessos terrestres e marítimos, propiciando oportunidades para ganho de competitividade dos seus terminais.
PN: O que está sendo feito para que esses terminais não percam cargas para outros estados? Quais os agentes envolvidos?
FL: Estamos em constante conversa com o mercado, como por exemplo, Firjan, FIEMG, Associação Comercial do Rio de Janeiro e outras que tenham relevância para nossos clientes. Estamos em constante contato com representantes de usuários e associações. Os projetos estruturantes para melhoria das condições de acesso aos terminais, somado à busca de novas oportunidades e divulgação dos portos, contribuem para que nossos portos continuem competitivos no cenário nacional.
PN: De quanto deve ser o impacto da Covid-19 e da desaceleração econômica nas movimentações portuárias em 2020?
FL: A projeção estima uma alta em 2020 de 3,7% no volume movimentado consolidado da CDRJ em relação a 2019. O resultado positivo, em que pese a desaceleração econômica mundial, reflete a alta participação do minério de ferro no volume total movimentado pela CDRJ.
A commodity exportada pelo Porto de Itaguaí responde por cerca de 70% do volume total movimentado pela CDRJ e a demanda chinesa por minério de ferro para abastecer suas siderúrgicas não demonstra sinais de arrefecimento. Assim, nossa principal carga em volume movimentado tem um crescimento estimado para 2020 de cerca de 4,3% em relação a 2019.
Com relação às demais cargas merece destaque as exportações de ferro gusa pelo Porto do Rio de Janeiro, que tem um crescimento estimado para 2020 de cerca de 7,3% em relação a 2019.
Fonte: Revista Brasil Energia