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Clippings - 02/07/25

Porto Sudeste inicia expansão no 2º semestre

Terminal privado, que completa 10 anos em agosto, pretende dobrar, de 50 milhões para 100 milhões de toneladas, capacidade operacional para movimentação de minério, carvão e granéis líquidos

O Porto Sudeste pretende iniciar, no segundo semestre, as obras para a expansão da capacidade do terminal de uso privado (TUP), localizado em Itaguaí (RJ). O objetivo é dobrar de, 50 milhões para 100 milhões de toneladas/ano, a capacidade instalada do empreendimento, que completa 10 anos de operação em agosto. A capacidade adicional de operação ampliará a condição de atender a movimentação de granéis líquidos na instalação, especializada na movimentação de minério de ferro e carvão. Os investimentos incluem dragagem e vão permitir a atracação de navios de maior porte.

O TUP, administrado pela trading de commodities Trafigura e pelo Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, hoje tem capacidade para movimentar aproximadamente 50 milhões toneladas por ano, sendo 38 milhões de toneladas granéis sólidos, dos quais 5 milhões para carvão e 33 milhões para minério de ferro, além de 13 milhões de toneladas/ano de granéis líquidos. O terminal possui autorização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e dos órgãos ambientais para expandir a capacidade total de operação para até 100 milhões de toneladas. A ideia é que as capacidades para granéis sólidos e para líquidos sejam de 50 milhões de toneladas cada.

O planejamento para ampliar a infraestrutura prevê a construção de um píer em formato ‘F’, que ficará paralelo ao píer existente e será dedicado às operações de transbordo. “Hoje, conhecendo melhor o mercado e com a diversificação de cargas, faremos dolphins de atracação voltados para granéis líquidos”, contou o diretor de relações corporativas e sustentabilidade do Porto Sudeste, Ulisses Oliveira, que recebeu a reportagem na instalação, em Itaguaí.

A aposta do Porto Sudeste no aumento da capacidade para movimentação de granéis líquidos leva em conta que é um mercado que vem se solidificando para a empresa. Oliveira disse à Portos e Navios que a intenção é ‘provocar’ os limites de capacidade, aproveitando as oportunidades para aumentar a movimentação das cargas. Ele destacou os contratos de longo prazo para movimentação de minério de ferro e carvão, além do incremento gradativo das operações ship-to-ship, que o TUP vem realizando desde 2022.

O terminal movimentou 26 milhões de toneladas em 2024 e a expectativa é ultrapassar os 30 milhões de toneladas nos próximos anos. De janeiro a março, o terminal operou a descarga de 6,3 milhões de toneladas e o embarque de quase 6,2 milhões de toneladas, ante aproximadamente 6 milhões de toneladas descarregadas e 5,9 milhões de toneladas embarcadas no primeiro trimestre de 2024.

Oliveira avalia que essa marca pode ser batida no final de 2025, o que depende de fatores como as demandas spot no segundo semestre. Ele ressaltou que os contratos de longo prazo fechados vão garantir volumes significativos para os próximos anos. “Esperamos chegar bem perto de 30 milhões de toneladas [este ano]. Para os próximos anos, vamos ultrapassar esse volume (…). O primeiro trimestre de 2025 foi positivo, o melhor da história do porto. Se mantivermos o ritmo, vamos fechar o ano com mais de 30 milhões de toneladas”, analisou.

A expectativa da empresa é iniciar, em julho ou agosto, a dragagem de manutenção da bacia de atracação para abrigar dolphins para granéis líquidos. O serviço, a ser contratado, compreende a dragagem de parte do canal de acesso ao Porto de Itaguaí, entre as ilhas das Cabras, do Martins e de Itacuruçá. Em 2024, o Porto Sudeste já havia concluído, com recursos próprios, a retirada de rochas e passou a operar com 20 metros de profundidade e 18,30 metros de calado, contra 17,80m antes da intervenção, o que permitiu o recebimento de graneleiros da classe australiana Wozmax, com capacidade de 280.000 toneladas. A última dragagem executada pela autoridade portuária (Portos Rio) na região havia sido executada em 2008. A administração do terminal também estuda a viabilidade para, futuramente, receber navios classe VLCC (Very Large Crude Carriers).

As operações do Porto Sudeste começaram em agosto de 2015, com embarque de minério de ferro. Em 2019, o TUP expandiu as atividades com descarregamento de carvão e movimentação de outros granéis sólidos. Em 2022, o terminal voltou a diversificar ao iniciar a operação de transbordo a contrabordo (double banking) de granéis líquidos, conforme previsto no plano de negócios. O terminal registrou um aumento de 28% no lucro do primeiro trimestre 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, um dos melhores resultados de sua trajetória.

Descarbonização
Oliveira considera que um dos maiores desafios é aliar eficiência operacional à responsabilidade climática, sobretudo a partir da ampliação das movimentações. Ele enfatizou que, em seus 10 anos de operação, o Porto Sudeste realiza o inventário das emissões de suas atividades. Entre as ações adotadas, houve a substituição da gasolina pelo etanol nos veículos flex e a aquisição de ‘I-RECs’, certificados que atestam a origem renovável da energia consumida nas instalações.

Após a compra de energia proveniente principalmente de fontes hídricas nos últimos dois anos, em 2025 a escolha foi por energia de eólica majoritariamente. Oliveira destacou que os principais equipamentos de movimentação de grande porte, como viradores de vagão, carregadores e empilhadeiras recuperadoras, são eletrificados e utilizam 100% energia renovável.

O diretor acrescentou que o terminal alcançou 86% de reaproveitamento de água com gestão hídrica, reduzindo a pressão sobre aquíferos e ampliando a disponibilidade para ecossistemas locais. Além disso, houve redução em quase 80% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) de escopos 1 e 2, utilizando 100% de energia elétrica renovável em suas operações. Entre 2021 e 2024, as emissões passaram de 0,23 KgCO₂e por tonelada de granéis movimentados para 0,05 KgCO₂e/t.

Segundo Oliveira, esse avanço teve origem em um mapeamento estratégico, que identificou e quantificou as fontes de emissão do terminal. Partindo para o escopo 3, a dificuldade aumenta porque passa a ser necessário haver um gerenciamento sobre emissões em toda a cadeia logística, desde a produção na mina aos modos de transporte da carga. No caso do minério, 100% dos volumes chegam de trem pelos ramais da MRS, proveniente do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.

Os navios classe Capesize movimentam entre 190.000 e 200.000 toneladas cada, o equivalente a 13 a 14 comboios que chegam ao TUP. Cada composição costuma vir com 136 vagões de 100 toneladas cada, o que totaliza, em média, 13.000 toneladas. Os mineraleiros que chegam ou partem do Porto Sudeste trafegam longas distâncias, sendo cerca de 90% para a China. Oliveira contou que, em outra frente, o terminal estuda as características dos navios que escalam o porto para, eventualmente, adotar um modelo para aplicação de desconto de preços que beneficie navios mais eficientes em termos de emissão.

Fonte: Revista Portos e Navios