As 14 mil toneladas de carne congelada estocadas no Iceport, o frigorífico automatizado do Porto de Navegantes (Portonave), que pegou fogo na quinta-feira, terão que ser descartadas.
A informação foi dada ontem pelo o superintendente do terminal, Osmari de Castilho Ribas. Segundo ele, a maior parte da carga estocada pertencia às agroindústrias Seara e Perdigão.
Ainda não existe uma previsão de reativação da câmara, e todos os 150 funcionários do Iceport estão parados.
Em entrevista ao Diário Catarinense, o superintendente do Porto de Itajaí, Antônio Ayres dos Santos Jr., que integra, ao lado de Navegantes, o complexo portuário do Itajaí-Açu, estimou prejuízo de US$ 15 milhões. Castilho, para quem o acidente foi um transtorno grande, preferiu não fazer projeções. Segundo ele, a perda é milionária, mas não pode ser dimensionada ainda.
– É cedo para se falar em números. É certo que perdemos toda a carga armazenada, pois teremos que descartar toda a mercadoria, mas o terminal frigorífico funciona independentemente do porto. É um terminal de armazenamento de carga – explicou Castilho, reforçando que a Portonave está funcionando normalmente.
O superintendente da Portonave tratou como prioridade a liberação do prédio, o que ocorreu na tarde de ontem.
A equipe do Corpo de Bombeiros calcula que a perícia para definir as causas do incêndio que destruiu parte da estrutura do Iceport, comece no final da próxima semana.
Essa perícia envolverá análises técnicas e testemunhais. Ontem, funcionários da Portonave voltaram a trabalhar e caminhões puderam retomar as operações no porto.
– Ainda é inviável o acesso ao interior do terminal. Há um risco grande das mercadorias que estão nas prateleiras superiores despencarem – alertou o major Edson Biluk, responsável pelo trabalho de perícias.
Uma equipe de técnicos que trabalhou na construção do terminal frigorífico foi convocada pela direção da Portonave para auxiliar na logística. Bombeiros trabalham, agora, para remover as placas de metal que ainda estão penduradas, além de toda a carga armazenada dentro do Iceport.
O tenente-coronel Onir Mocellin, comandante do Batalhão do Corpo de Bombeiros, afirmou que testes estão sendo feitos para definir a melhor maneira de remover toda a carne congelada de dentro da estrutura.
– Conseguimos vistoriar de cima para baixo e não sabemos se derrubamos toda a carga ou começamos a remoção pelos andares superiores. Apesar do fogo e do corte de energia elétrica, ainda tem muita coisa congelada lá dentro – explicou.
Operação no porto foi retomada no sábado
Segundo Castilho, as operações da Portonave só ficaram prejudicadas na quinta-feira. Na sexta-feira, todos os funcionários já ocupavam os seus postos e dois navios de armadores operavam normalmente.
Para construir o Iceport, foram necessários investimentos da ordem de R$ 50 milhões, distribuídos em estrutura física, câmaras frigoríficas, túneis de congelamento e seis transelevadores. Estes equipamentos eram responsáveis pela automatização de toda a movimentação das cargas e custaram R$ 15 milhões.
– Não sabemos o que foi perdido de equipamento e da estrutura do depósito, por isso também ainda não podemos avaliar os danos. Hoje (ontem), eu nem sequer posso afirmar se teremos que reconstruir o Iceport ou reformá-lo. Ainda é preciso tempo para mensurar tudo isto – completou o superintendente.