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Clippings - 19/08/24

Portos brasileiros adotam fornecimento de energia em terra para reduzir emissões

Foto: Atracadouro de rebocadores da Vast e Wilson Sons no Porto do Açu

Embora portos estejam dispostos a investir em tecnologias mais limpas, falta de planejamento estratégico integrado e de incentivos financeiros adequados tem dificultado implementação de novas soluções

Para reduzir as emissões de carbono em suas operações, portos, terminais e empresas estão adotando soluções mais sustentáveis, como o Onshore Power Supply (OPS). Essa tecnologia permite que navios atracados desliguem seus motores a diesel e se conectem à rede elétrica local, reduzindo significativamente a poluição durante o tempo de ancoragem. Segundo o ‘Diagnóstico de descarbonização, infraestrutura e aplicações do hidrogênio nos portos’ da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o setor marítimo é responsável por cerca de 3% das emissões globais de CO2, com a maior parte da frota mundial ainda operando quase exclusivamente com combustíveis fósseis.

Um exemplo recente de inovação nesse sentido é o Porto do Açu (RJ), onde a Vast Infraestrutura inaugurou em 2024 um atracadouro eletrificado no terminal de petróleo (T-Oil), em parceria com a Wilson Sons, responsável pela operação dos rebocadores nesse terminal. As empresas têm como objetivo reduzir o consumo de combustíveis fósseis, como o Marine Gas Oil (MGO). A eletrificação do atracadouro no T-Oil trouxe melhorias operacionais, aumentando a disponibilidade e a eficiência dos rebocadores ao permitir que eles permaneçam no Terminal 1 (T1) do Porto do Açu.

Segundo a Vast, a estrutura contribui para uma economia de aproximadamente 10 litros de diesel marítimo por hora nas embarcações paradas, resultando em uma redução de cerca de 7,6% das emissões de carbono do escopo 3. “Nosso próximo desafio é estender futuramente o fornecimento de energia elétrica de terra para os sistemas auxiliares de embarcações maiores, como barcos de apoio e navios petroleiros”, disse a Vast.

A Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac) vê a adoção do OPS na cabotagem brasileira como uma oportunidade importante para reduzir as emissões de gases poluentes. No entanto, a associação alerta para os desafios técnicos e econômicos envolvidos. “Os desafios técnicos podem ser as características dos sistemas dos navios, que não são todos iguais, o tipo de ligação das tomadas, a voltagem exigida, a estabilidade da rede elétrica, a diferente demanda por tipo de navio. Do lado econômico, é que a disponibilidade por parte dos terminais exigirá investimentos que podem ser elevados”, afirmou a associação.

Enquanto isso, a Autoridade Portuária de Santos (APS) está trabalhando no projeto de ampliação da usina hidrelétrica do porto. A PCH Itatinga, que fornece energia ao Porto de Santos, está sendo ampliada para garantir uma fonte de energia sustentável aos navios atracados. Com essa ampliação, a capacidade da usina deve aumentar de 15 MW para até 20 MW, o que contribuirá para que o OPS seja alimentado por energia hidrelétrica e, futuramente, por novas fontes renováveis, como hidrogênio verde e energia eólica.

Apesar desses avanços, a APS destacou que a implementação do OPS ainda enfrenta vários desafios. Entre eles, estão a necessidade de adequação e expansão da infraestrutura elétrica existente, a integração de novas fontes de energia renováveis e a manutenção contínua das linhas de transmissão. Além disso, a frota marítima atual precisa se adaptar para utilizar a energia elétrica fornecida em terra, e a regulamentação nacional e internacional deve acompanhar essas mudanças para facilitar a adoção do OPS.

O relatório da Antaq também afirmou que, embora os portos brasileiros estejam dispostos a investir em tecnologias mais limpas, a falta de um planejamento estratégico integrado e de incentivos financeiros adequados tem dificultado a implementação de soluções como o OPS. A maioria dos portos ainda não incorporou esse sistema em seus planos de ação, o que indica a necessidade de maior conscientização e de um ambiente regulatório mais favorável.

Fonte: Portos e Navios