São PAULO – De olho nos cerca de 100 bilhões de barris de petróleo que o pré-sal pode conter, a HRT Petroleum, empresa de serviços a petrolíferas, entre eles o de análise geológica, anunciou ontem a criação da HRT Oil & Gas, companhia que nasce com aporte de US$ 275 milhões que viabiliza a entrada da nova empresa no segmento de exploração e produção de petróleo e gás. Em princípio, a companhia atuará na Bacia do Solimões (Amazônia), em campos da Colômbia e no oeste da África, mais especificamente em Angola, todos locais onde a empresa de serviços já atua e tem conhecimento das características geológicas dessas regiões.
De acordo com o presidente do grupo HRT, Márcio Mello, o maior desafio para a formação da nova empresa foi a capitalização para iniciar as operações. Por esse motivo foram ao mercado externo em busca dos recursos necessários para os três primeiros anos de atividade da empresa. O volume de US$ 275 milhões que captamos era o teto que definimos para essa operação, disse o executivo. Agora, vamos focar nosso trabalho nas áreas nas quais vamos trabalhar e após a 11ª rodada de leilões da ANP é que precisaremos de mais capital para investir nos campos nos quais sairemos vencedores na forma de consórcios, explicou.
Sobre concorrer com empresas para as quais presta serviços no mundo e que atuam no Brasil, Mello é enfático ao dizer que não espera concorrer com essas grandes empresas, entre elas, Petrobras, Repsol, Shell, Galp, e sim, somar forças, pois o porte não é para concorrer, mas para fornecer conhecimento. O executivo disse que a meta no futuro é sem dúvida, participar de campos de petróleo offshore, mas como sócio de outras empresas, apesar disso, não determinou um percentual de participação.
De concreto, a nova empresa já assinou um acordo com a Petra Energia e a M&S Brasil S.A. para ser o operador e controlador de 51% de 21 blocos de exploração na Bacia do Solimões, Região Amazônica do Brasil. Este acordo, explica a companhia, foi submetido à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A área total desses blocos é de aproximadamente 50 mil quilômetros quadrados, área maior que países como a Bélgica. Segundo dados da HRT, o potencial petrolífero desta área é estimado entre 4 a 6 bilhões de barris de óleo leve e de 10 a 20 TCF (trilhão de pés cúbicos) de gás, e avalia que esta bacia poderá se tornar a maior produtora de gás natural do Brasil e uma das maiores de óleo leve, assim como é a expectativa para o pré-sal.
É esse mapeamento do território nacional que a HRT possui que faz o executivo afirmar que o pré-sal brasileiro é muito maior do que já está oficialmente divulgado pela Petrobras – cerca de 14 bilhões de barris para os campos de Tupi e Iara. Minha estimativa de volume de petróleo do pré-sal fica entre 90 bilhões e 100 bilhões de barris, as declarações do diretor da ANP, Haroldo Lima, são reais, nossos estudos apontam que há essa possibilidade, confirmou ele que disse ainda que esses números podem ser conservadores perante os resultados futuros das megareservas de petróleo descobertas .
Rentabilidade
Mello não se mostrou preocupado com as novas regras do setor de petróleo e gás que estão em tramitação no Congresso Nacional. Para o executivo, qualquer decisão que se transforme em lei estará dentro de padrões internacionais, pois a forma atual (concessão) e a proposta (partilha) são modelos adotados pela indústria do petróleo em todo o mundo.
O potencial do pré-sal é tão grande que qualquer que seja a escolha não vejo problemas quanto a rentabilidade, o que o governo decidir será suficiente para atrair empresa do mundo inteiro, disse Mello. Nesse momento o governo necessita de muito dinheiro para o pré-sal e por esse motivo todos os envolvidos no setor terão atuar em conjunto, completou ele. Os maiores volumes de petróleo no pré-sal devem ocorrer em Santos, depois em Campos e em menor escala no Espírito Santo, outra região em que a empresa deverá atuar nessa primeira etapa, porém onshore.