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Clippings - 06/01/11

Preço sobe mesmo com oferta maior e irrita a indústria

Demanda por gás cresceu 64% em novembro, mas, com medo de novas altas, grandes consumidores buscam fontes alternativas.

O preço do gás natural no Brasil deve seguir em linha ascendente ao longo deste ano. Um estudo realizado pela Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace) prevê um aumento de 1,60% no preço do gás natural nacional para o trimestre que vai de fevereiro a abril de 2011 – o preço do insumo nacional é estabelecido em reais e reajustado trimestralmente, nos meses de fevereiro, maio, agosto e novembro. O cálculo da Abrace usa uma fórmula semelhante a da Petrobras, que considera a média dos óleos no mercado internacional e do dólar no perãodo de outubro a dezembro de 2010. Apesar da desvalorização da cotação do dólar, o aumento é resultado da elevação da cotação da cesta de óleos.

Com diversas estimativas para a cotação do petróleo elevadas, a expectativa é a de que o ciclo de alta do gás natural perdure ainda por alguns meses, a despeito do crescimento da oferta do insumo no Brasil. Olhando o segmento de óleo e gás de fora, nós vemos um momento de quase euforia. Se a felicidade de todos os agentes fosse acomodada no preço final, essa equação não se resolveria, diz Paulo Pedrosa, presidente da Abrace, explicando que a expansão da produção não reflete em menor preço. A percepção da indústria é a de que o consumidor está pagando os novos investimentos em prospecção. Os grandes usuários pedem preços mais competitivos para contratos de longo prazo, como está ocorrendo no momento com os leilões de gás excedente das termelétricas. A indexação ao dólar americano e aos preços dos óleos nas cláusulas de reajuste dificulta a contratação em larga escala, diz Pedrosa.

De acordo com ele, há indústrias que já se deslocaram para o exterior ou que estão testando a aquisição de energia de fontes alternativas. Tem indústria de alumínio aderindo ao capim elefante”, diz o presidente da Abrace, sobre a procura por uma das matérias-primas para a geração a partir da biomassa.

Tendência

Apesar da adesão ao gás natural ainda esbarrar, em muitos casos, no preço, a tendência é de ampliação do seu uso. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), destaca a importância do gás na região amazônica, onde pequenas fontes térmicas poderiam fazer um mix interessante com hidrelétricas de pequenos reservatórios.

Renato Guerra, diretor da EnergyWorks do Brasil, empresa que acaba de ser vendida à espanhola Iberdrola, faz coro. A cogeração é um caminho muito interessante porque propicia alta eficiência energética aliada a uma grande confiabilidade, afirma. A companhia possui seis termelétricas movidas a gás natural, instaladas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Ceará.

Demanda

Os preços não impediram que o consumo de gás natural no Brasil terminasse o mês de novembro com expressivo crescimento. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), a alta foi de 64,68% de um ano ao outro, em razão da retomada de 10,58% no consumo do segmento industrial e do aumento no despacho térmico. As indústrias consumiram 27,4 milhões de metros cúbicos por dia, representando 44,02% do consumo total no penúltimo mês do ano.