Arquivo/Divulgação

Seguradora acredita que modelo, adotado em outros países, pode aumentar competitividade de estaleiros brasileiros que estão em recuperação judicial em concorrências para obras de novos navios e plataformas nos próximos anos

O modelo de project finance será uma alternativa para viabilizar a obtenção de garantias por estaleiros em recuperação judicial que desejam competir nas licitações de projetos para construção de obras de grande porte, como navios e plataformas. A avaliação é da Gallagher Brasil, que também considera importante o seguro para viabilizar a estruturação de novos financiamentos junto aos agentes, ao Fundo de Marinha Mercante (FMM). A seguradora entende que o modelo, adotado em outros países, será um diferencial nas concorrências que devem se tornar mais frequentes nos próximos anos, diante do cenário de novos projetos no setor de petróleo e gás.

O CEO da Gallagher Retail, Rodrigo Protasio, acredita que o project finance pode se tornar uma vantagem para estaleiros que estiverem melhor financeiramente ou que contarem com o apoio de investidores com capacidade de alavancagem maior, permitindo que eles tenham preços mais competitivos de investimentos e de garantias.

Protasio explicou que, em vez de um financiamento direto, com o capital caindo na conta do estaleiro, os recursos vão cair numa ‘conta de acompanhamento’, o que poderá viabilizar investimentos para construção dos ativos. A contratante da obra poderá contar com uma seguradora para o trabalho de medição e de acompanhamento junto à instituição financeira, a fim de buscar mais segurança para o projeto.

O acompanhamento do cronograma físico e financeiro permitirá a liberação dos recursos à medida em que a obra for avançando. “Temos que ajudar a viabilizar projetos como esse, que podem voltar a produzir diretamente 40 mil a 50 mil empregos, contribuindo com a retomada da economia. É uma indústria fundamental para o desenvolvimento”, analisou Protasio em entrevista à Portos e Navios. Ele debateu o tema, na última quarta-feira (7), durante o 1º Seminário da Associação Brasileira das Empresas da Economia do Mar (Abeemar) sobre financiamentos, garantias e seguros para construção naval e offshore.

O executivo identifica que a crise que atingiu o setor de petróleo e a indústria naval, por volta de 2014, fez com que estaleiros sofressem com a escassez de encomendas e enfrentassem dificuldades financeiras. Ele acrescentou que o cenário atual é de aumento das taxas de juros, custo de refinanciamento muito alto da indústria. “Ter muitos estaleiros em dificuldades financeiras é ruim porque é uma indústria que gera bastante emprego e valor econômico. Não faz sentido um país como o Brasil ter uma indústria naval acanhada”, afirmou.

Fonte: Portos e Navios