A conclusão de uma etapa do projeto da Petrobras e do CNPEM permite tomografias automatizadas de rochas do pré-sal e geração de um banco de dados sobre reservatórios de petróleo

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) – organização social vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – , e a Petrobras concluíram a primeira fase de um projeto para avançar na exploração e pesquisas em petróleo e gás no pré-sal, divulgou o centro em comunicado nesta quarta-feira (23).
O intuito do projeto é utilizar uma das estações de pesquisa da infraestrutura científica Sirius – desenvolvida pelo CNPEM – para fazer imagens 3D de rochas do pré-sal de forma automatizada.
O objetivo da Petrobras é gerar um banco de dados digital de rochas que aumente o conhecimento da indústria acerca dos reservatórios de petróleo. O banco de dados de rochas digitais será associado a algoritmos, com uso de inteligência artificial, para caracterizar as estruturas geológicas e fazer simulações numéricas do processo de recuperação do óleo que está dentro delas.
O banco de dados poderá permitir simulações para prever a dinâmica de exploração dos reservatórios de petróleo. O projeto envolve ainda o desenvolvimento de métodos de pós-processamento, que poderão ser usados pelos pesquisadores externos que vêm ao Sirius realizar seus experimentos.
Estes desenvolvimentos se beneficiarão do uso do Tepui, central de computação de alto desempenho do Sirius, e ainda de uma parceria com a RNP para a transferência dos dados do Sirius para o supercomputador Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ).
Funcionamento do projeto
Com início em 2021, o projeto tem a frente de infraestrutura, que implanta a microestação da linha Mogno, com uma instrumentação para automatizar medidas com rochas padrões da indústria; e a de atividades de Pesquisa e Desenvolvimento, com o objetivo de desenvolver métodos de pós-processamento de dados.
A linha Mogno é uma das linhas de luz presentes no Sirius, e é capaz de gerar imagens tomográficas em 3D com resolução micro e nanométrica das rochas que contêm óleo e gás. Sirius possui em seu núcleo aceleradores de elétrons de última geração, que produzem um tipo de luz capaz de revelar a microestrutura dos materiais, e as análises são feitas nas linhas de luz.
Esta linha permite investigar estruturas internas de diversos materiais de forma não-invasiva, em diferentes escalas, com zoom contínuo e possibilidade de chegar a resolução espacial de 200 nanômetros.
A parceria permitiu a instalação de uma microestação em Mogno que é capaz de receber de uma só vez até 88 amostras. A linha também pode ser operada remotamente em experimentos de baixa complexidade.
Em breve, também será possível submeter os materiais a diferentes condições mecânicas, térmicas ou químicas e acompanhar alterações em tempo real. O instrumental científico que tornará isso possível está em desenvolvimento em outro projeto em parceria com a Petrobras.
“Esses desenvolvimentos permitirão estudos detalhados de fenômenos complexos como, por exemplo, a passagem de fluidos através dos poros das rochas, simulando as mesmas condições em que elas são encontradas na camada do pré-sal”, disse a pesquisadora do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS/CNPEM) responsável pela linha Mogno, Nathaly Archilha.
A microestação está aberta também para a comunidade científica na modalidade “comissionamento científico”. Os interessados em utilizá-la poderão apresentar seus projetos de pesquisa na próxima chamada de propostas para uso do Sirius, ainda neste ano. Aqueles com propostas aprovadas realizarão os experimentos em 2026.
Fonte: Revista Brasil Energia