As seguidas altas registradas pelo café no mercado internacional e a valorização que o produto brasileiro vem alcançando nos últimos meses fez com que o país registrasse no mês passado um novo recorde. A receita com as exportações do Brasil somaram US$ 6,37 bilhões no acumulado em 12 meses até março. O desempenho é 44,8% superior ao registrado no mesmo perãodo do ano passado, quando as vendas em 12 meses até março foram de US$ 4,39 bilhões. A demanda pelo café brasileiro está tão intensa que o preço médio da saca de 60 quilos exportada no mês passado foi de US$ 240,40. O valor é o mais elevado desde 1990 e confirma os dados divulgados na quarta-feira pela Organização Internacional do Café (OIC). De acordo com a entidade, o café brasileiro terminou março com um valor médio de US$ 2,6098 por libra-peso no mercado internacional, com alta de 5,7% em comparação ao mês imediatamente anterior. Ontem, os operadores da bolsa de Nova York deram mais um claro sinal de que os fundamentos ainda são sólidos o suficiente para justificar novas disparadas nas cotações. Os contratos com vencimento em julho terminaram os negócios de quinta-feira cotados a US$ 2,7565 por libra-peso, em alta de 2,9% (775 pontos). Essa foi a segunda arrancada que o mercado em Nova York deu apenas nesta semana. Na última terça-feira os papéis já haviam subido 4,7% (1.225 pontos). E mais uma vez, o sentimento de que a oferta de café é inferior à necessidade do mercado pesou. Analistas disseram ontem à Bloomberg que há dúvidas sobre a capacidade de os países exportadores manterem o ritmo de embarques que vinha sendo registrado. E o Brasil é um exemplo de grande produtor, o maior, aliás, que vem registrando quedas consecutivas em seus volumes de exportação. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que no mês passado foram embarcadas 2,69 milhões de sacas. O volume é 0,8% inferior ao de fevereiro e já é o menor desde julho do ano passado. A baixa disponibilidade de cafés de melhor qualidade (Arábica) é outro motivo que garante um forte suporte aos preços. As exportações de café arábica do Brasil no mês passado, por exemplo, foram de 2,18 milhões de sacas, uma queda de 6,9% em comparação ao mesmo mês do ano passado e de 9,5% em comparação a fevereiro deste ano. Apesar da queda em volume, a receita mensal com as exportações tiveram mais uma alta. No mês passado, a arrecadação com as vendas externas de café foram de US$ 647,58 milhões, um crescimento de 4,8% em comparação a fevereiro deste ano. Os preços irão se manter nos patamares atuais ao longo deste ano porque há um equilíbrio entre consumo e produção, disse Guilherme Braga, diretor geral do Cecafé. Índice de alimentos da FAO tem queda após oito meses O índice global de preços de alimentos da FAO, a agência da ONU para agricultura e alimentação, caiu em março pela primeira vez após oito meses de altas. A queda foi de 2,3% em comparação com fevereiro, mas o índice ainda está 37% acima do nível de março do ano passado. A alta no custo de alimentos tem sido uma das razões de pressões inflacionárias tanto em países emergentes como nos desenvolvidos, o que inquieta os bancos centrais dessas nações. Em todo caso, o ex-ministro Rubens Ricupero, especialista em comércio internacional, já chamou a atenção que o índice da FAO parte de uma base distorcida – o ano de 1990, auge de queda de preços. A FAO alerta que é prematuro concluir que a baixa de março representa uma inversão de tendência. Segundo a agência, é necessário ter mais informações sobre novos plantios nas próximas semanas para se ter ideia do nível da produção futura. O fato é que os baixos estoques, o impacto do preço do petróleo e os efeitos da destruição no Japão continuarão causando incertezas e volatilidade nos preços dos alimentos nos próximos meses. As cotações internacionais de óleos e açúcar foram as que mais declinaram em março, seguidas por cereais. Já os lácteos subiram e de carnes também, ainda que pouco.