– As obras para a reconstrução da linha férrea entre Cruzeiro (SP) e Passa Quatro (MG) ganharam um impulso com a chegada de lotes de dormentes que serão utilizados na recuperação da via.
A rota de 24 quilômetros entre a zona urbana da cidade paulista e o túnel na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, onde os trilhos se encontrarão com um trecho de dez quilômetros já em funcionamento no lado mineiro, está sendo refeita pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).
Do lado paulista, seis quilômetros estão prontos, e faltam 18 para ocorrer a conexão entre os estados. Batizado Expresso Mantiqueira, o trem turístico operado em Cruzeiro percorre trilhos que tiveram papel relevante na Revolução Constitucionalista de 1932, como o entorno do Túnel da Mantiqueira, de 998 m de extensão e que foi um campo de batalha na revolução.
A ferrovia Minas e Rio teve sua construção iniciada em 1880 e foi inaugurada quatro anos depois. Como ocorreu com a maior parte da malha ferroviária nacional, foi gradualmente abandonada e alvo de vandalismo, até que a ABPF decidiu reconstruir a linha férrea, que em um trecho urbano de dois quilômetros precisou inclusive ser desenterrada.
Agora, a chegada de novos dormentes darão um impulso para os trabalhos do ano que vem, segundo Bruno Crivelari Sanches, dirigente da associação na regional Sul de Minas. Ele afirmou que os dormentes foram adquiridos com recursos próprios da entidade.
A troca de dormentes não é uma tarefa simples. Para reconstruir os 18 quilômetros de ferrovia que faltam, serão necessários 28.500 dormentes —além da remoção de barreiras, recomposição de aterros e instalação de 114 mil pregos.
O material foi estocado no pátio da ABPF, que é todo cercado. Não há prazo previsto para a conclusão das obras.
O trem parte, por enquanto, da estação central de Cruzeiro e segue até a estação Rufino de Almeida, no pé da Serra da Mantiqueira, após o primeiro túnel da ferrovia, o que totaliza um roteiro inicial de 12 quilômetros (ida e volta).