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Clippings - 10/06/24

Reposicionamento levou CBO à 2ª maior frota de apoio do Brasil, diz Tinti

A CBO avalia que as decisões estratégicas tomadas nos últimos cinco anos garantiram o reposicionamento da empresa, que atualmente possui a segunda maior frota de apoio marítimo em operação em águas jurisdicionais brasileiras. O contingente passou de 32 para 44 unidades no período. Uma das medidas adotadas foi, após encerrar um ciclo de construções em suas instalações, passar a adquirir embarcações disponíveis no mercado e que estavam prontas para entrar em operação. Em dezembro de 2019, quando a empresa anunciou a compra da primeira dessas unidades, o CBO Supporter, havia receio do mercado em trazer embarcações por conta da ociosidade da frota.

“Foi um plano interessante, bem executado pelo time e que hoje coloca a CBO como a segunda maior empresa em número de embarcações no Brasil e entre as 10 maiores do mundo, segundo ranking que avaliamos”, comentou à Portos e Navios o presidente da CBO, Marcos Tinti, que completa sete anos à frente da empresa, na próxima semana. O executivo explicou que a expansão da frota teve início naquela época porque havia a projeção de que, em algum momento, a demanda poderia reaquecer e faltariam barcos de apoio. “Decidimos crescer e comprar embarcações usadas, ao redor de 10 anos de idade, para ter, pelo menos, mais 15 anos de vida útil”, lembrou.

Tinti contou que, inicialmente, a intenção era adquirir o triplo dessa quantidade. “A companhia, naquele momento, pretendia fazer um IPO (oferta inicial de ações na bolsa, em tradução livre). Mas, infelizmente, a janela não foi amigável conosco porque o plano era comprar 30 embarcações, não só 10”, revelou. Ele ponderou que o grupo continua em busca de realizar seu IPO. “A CBO já é uma companhia de capital aberto, categoria A na CVM [Comissão de Valores Mobiliários], e está pronta para o processo de IPO no Brasil, ou fora dele. A companhia tem reputação e um porte razoável dentro da indústria”, destacou Tinti.

Ao encerrar o período de construção em 2019, o grupo vendeu o estaleiro Oceana, em Itajaí (SC), e contratou uma consultoria para aprofundar estudos sobre o mercado mundial de energia para discutir tendências junto aos acionistas. Uma das conclusões foi que o petróleo ainda seria importante na matriz energética brasileira e que deveria haver uma dedicação à sustentabilidade por se tratar de uma fonte de combustível fóssil.

O relatório de sustentabilidade 2023 da CBO, divulgado em maio de 2024, apontou um aproveitamento da frota próximo de 93% no ano passado, com 41 embarcações operando simultaneamente. A companhia alcançou a maior taxa média de ocupação da frota dos últimos sete anos (86%) e assinou 10 novos contratos de longo prazo. A empresa registrou um aumento de 16,4% no lucro líquido frente a 2022, para US$ 18,4 milhões, e registrou o maior patamar de geração de caixa dos 45 anos de existência do grupo.

Em 2023, a CBO registrou 13% de aumento na compensação das emissões atmosféricas das embarcações por meio de créditos de carbono, parte do compromisso assumido de compensar a totalidade das emissões dos navios até 2025. Desde setembro de 2021, todos os contratos preveem emissões de carbono compensadas e, até 2025, a meta é compensar todas elas. A companhia acredita que os custos gerados com a compra de crédito de carbono são um estímulo à busca pela neutralização. Pelo segundo ano consecutivo, o grupo recebeu o Selo Ouro no Programa Brasileiro GHG Protocol, que prevê um inventário das emissões de gases de efeito estufa (GEE), para permitir uma agenda de enfrentamento às mudanças climáticas.

O PSV (transporte de suprimentos) Delta Commander, apontada como a primeira embarcação híbrida de apoio marítimo do país, com uso de baterias, foi incorporado à frota em dezembro de 2023. A unidade conta com um sistema que permite um menor consumo de combustível e de emissão de gases poluentes na atmosfera, além de diminuir o tempo de operação dos motores, reduzindo custos de manutenção da embarcação. A CBO acredita que o crescimento neste setor está intimamente ligado ao investimento em embarcações modernas e com alta qualidade técnica.

Nesta sexta-feira (7), a CBO participou de uma reunião com representantes do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para buscar apoio para um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para embarcações multicombustível que a empresa vem analisando junto a um fabricante de motores europeu que possui participação relevante na frota da empresa. A pauta trata de combustíveis alternativos para a frota, inclusive o etanol. O pleito deve ser apresentado para apreciação nas próximas reuniões do conselho diretor do fundo setorial.

O presidente da CBO adiantou que outras embarcações virão com essa pegada voltada para neutralização e redução dos custos hoje destinados à compra de créditos de carbono. A frota conta atualmente com 13 AHTS (manuseio de âncoras), 26 PSVs/OSRVs e 5 RSVs. A maior parte, em torno de 75%, atende contratos com a Petrobras. As embarcações também tem um histórico de atendimento a empresas como Equinor, Enauta, 3R, Trident Energy e Saipem.

Para Tinti, o desafio de adequar o tamanho da CBO à realidade do mercado deixou a empresa melhor estruturada e com processos bem definidos. Na outra frente, a capacidade de antecipação na aquisição de embarcações lá atrás foi importante para a atual onda de crescimento, com taxas de ocupação em alta. Tinti destacou que o setor de inteligência fez um acompanhamento caso a caso dos projetos e avaliou a necessidade de embarcações. O momento atual também é de revisão de contratos. “Esse talvez seja um período de migração entre contratos e talvez a taxa de ocupação ande de lado esse ano”, comentou.

O executivo considera que a estratégia da companhia favoreceu a compra de barcos de apoio por valores abaixo do nível de construção — entre elas o CBO Endeavour, maior AHTS da frota. A CBO identifica, por parte das operadoras, a necessidade de evolução em equipamentos e tecnologias. Tinti ressaltou que é preciso conseguir um equilíbrio entre investimento e retorno para não prejudicar nem o valor da tarifa, nem reprimir as margens dos armadores.

Para o presidente da CBO, no momento em que se fala com mais ênfase em voltar a construir em estaleiros no Brasil, é preciso ter fôlego para renovação da frota, com a manutenção do marco regulatório (Lei 9.432/1997), e tomar todos os cuidados para o setor não repetir ‘tropeços’ como em outros ciclos. Tinti afirmou que a companhia está sempre disposta a analisar bons projetos, inclusive de construção, mas que só faz sentido com todos os barcos construídos de fato em operação.

O executivo disse que o estaleiro Aliança, que o grupo mantém em Niterói (RJ), pode ser reativado a qualquer momento, se necessário. A instalação, que conta com uma carreira, segue com reparos e atracações. “A CBO sempre vai analisar bons projetos, seja de aquisição de embarcações, de fusões e aquisições e de construção. Os números têm que refletir bom retorno para nossos acionistas e para os negócios que estivermos fazendo”, acrescentou Tinti.

Fonte: Revista Portos e Navios