Vazamento no Golfo leva seguradoras a exigir maiores pagamentos das operadoras de sonda.
O vazamento de petróleo no Golfo do México está motivando uma queda de braço entre operadoras de sondas de perfuração e seguradoras. No mercado já se percebe dificuldades nas renovações de apólices, enquanto se contabiliza os prejuízos do acidente com a sonda Deepwater Horizon, que provocou o derramamento de pelo menos cinco milhões de barris de petróleo no litoral americano. A expectativa é que os prêmios de seguros subam até 50%. Ninguém está querendo fechar contratos de longo prazo agora. As seguradoras estão adiando ao máximo as negociações, diz um executivo do setor, que pediu para não ser identificado. Procuradas pelo Estado, três empresas com sondas trabalhando na costa brasileira confirmaram as dificuldades e dizem temer pelo aumento de preços. O Brasil é hoje líder na perfuração de poços petrolíferos em águas profundas.
Apólices. As sondas de perfuração têm dois tipos de apólice: uma que cobre a embarcação e outra de responsabilidade social, que cobre eventuais danos a terceiros e ao meio ambiente. No caso da Deepwater Horizon, o mercado espera um prejuízo às seguradoras entre US$ 3 bilhões e US$5bilhões, uma vez que a BP pagará de próprio caixa grande parte do prejuízo com as operações de limpeza, multas e danos provocados a terceiros, estimado em mais de US$ 30 bilhões.
As pessoas reconhecem agora que os riscos que precifica-vam eram subestimados, comentou em entrevista recente o presidente do Lloyd’s of Lon-don, Richard Ward. ALloyd’s era uma das seguradoras da Deepwater Horizon e projeta despesas entre US$ 300 milhões e US$
600 milhões como acidente. Em balanço divulgado na quinta-feira, a resseguradora Swiss Re projetou perdas de US$ 200 milhões com o acidente.
Ward estima uma alta entre 15% e 30% nos prêmios de seguros para o setor de petróleo. A Moody’s fala em até 50%. Valores finais, porém, só serão conhecidos depois que o mercado tiver uma clareza maior dos desdobramentos do episódio, incluindo as possíveis mudanças na legislação americana para o setor. O vazamento terá um impacto significante e duradouro na disponibilidade, as taxas e nas coberturas de seguros para operações petrolíferas, decretou, em relatório, a firma de avaliação de risco americana RMS.