
A Shell Brasil está desenvolvendo, em parceria com a Sonardyne, Saipem e o Senai Cimatec, um projeto que utiliza nodes de fundo oceânico para registrar dados sísmicos de forma autonôma e sob demanda. O sistema dispensa o emprego de um navio para colocar e retirar os nodes durante cada campanha sísmica, contribuindo com a redução dos custos operacionais e de emissões de CO₂ (30 toneladas por dia ou 1 mil toneladas por campanha).
Ao contrário da sísmica convencional, os nodes permanecerão no fundo do mar por até cinco anos, sendo ativados sob demanda pelo veículo autônomo submarino FlatFish. “Com capacidade de gravar dados por até 500 dias, os nodes são ligados e desligados pelo FlatFish para conservar a bateria. Ao final, visita cada um deles, captura os dados e os desliga”, explicou Jorge López, gerente de Subsurface da Shell.

A concepção do projeto foi submetida à ANP, que o elencou como um dos finalistas do Prêmio de Inovação Tecnológica 2022. O próximo passo é realizar testes com os nodes e o FlatFish em águas profundas. “Está quase acontecendo, estamos em processo de colocá-los no fundo do mar”, disse o executivo. Depois, a ideia é construir uma planta-piloto, em parceria com o Senai Cimatec, com capacidade para fabricar 600 nodes/ano.
Atualmente, a Shell possui apenas dez nodes. Quando tiver centenas deles, a companhia irá conduzir testes com a Petrobras num campo do pré-sal. Com previsão de início em 2025, ele terá duração de três anos. Serão instalados 600 nodes no fundo do mar.
O projeto é financiado pela Cláusula de PD&I da ANP, presente nos contratos de E&P. Enquanto o Senai Cimatec se dedica às atividades de desenho mecânico e eletrônico do equipamento, a Sonardyne contribui com os aspectos de comunicação submarina. O envolvimento da Saipem, por sua vez, ocorre em função de sua parceria com a Shell no que diz respeito ao FlatFish.
FlatFish

Financiado com recursos da cláusula de P&D da ANP, o FlatFish é um drone de inspeção autônomo desenvolvido pela Shell/BG e o Senai-Cimatec. Para concluir as etapas finais de seu desenvolvimento e industrialização, a Shell uniu esforços com a Saipem. Atualmente, o veículo está em fase de testes similar aos dos nodes, em águas profundas, com o envolvimento da Petrobras.
Orçado em R$ 30 milhões, o veículo é um residente do fundo do mar. Devidamente “alojado” em sua dock station, onde é capaz de ficar por até seis meses sem emergir, o robô recebe o comando da superfície e, de modo autônomo, percorre as instalações subsea, realiza inspeções visuais, envia os dados coletados e retorna para a sua “garagem”, onde faz a sua recarga e espera pela próxima missão.
Fonte: Revista Brasil Energia