Companhias desenvolverão neste e no próximo ano o processo de exploração que envolverá cinco blocos da Bacia do São Francisco. Previsão inicial era de começar os trabalhos em 2013. Projeto que começaria em 2013 será realizado neste ano e no próximo em cinco blocos na Bacia do São Francisco.
A Shell Brasil, subsidiária da anglo-holandesa Royal Dutch Shell no país, vai aplicar tecnologias de exploração do chamado gás não convencional, desenvolvidas no exterior, para explorar o insumo em terra, no Brasil, em parceria com a mineradora Vale. Presidente da petrolífera no país, André Araújo não revela valores do investimento, mas justifica o projeto, na Bacia do São Francisco, no norte de Minas Gerais, como consequência da maior importância que o gás alcançou para a empresa nos últimos anos. Em 2012, a produção do insumo pela Shell, no mundo, vai superar a de petróleo pela primeira vez na história.
“Vamos antecipar o programa exploratório em cinco blocos que detemos em terra na Bacia do São Francisco, arrematados na 10ª Rodada (de licitações da Agência Nacional do Petróleo – ANP), e cujos contratos foram assinados em junho de 2009”, revelou o presidente da Shell ao BRASIL ECONÔMICO. “A pedido do governo mineiro, decidimos antecipar o cronograma para fazer a sísmica ao longo de 2011 e 2012, em vez de iniciarmos em 2013.”
Uma das grandes novidades tecnológicas dos últimos anos, junto com a descoberta do pré-sal, as reservas não convencionais de gás representaram um salto para o setor, ao permitir a ampliação da oferta de hidrocarbonetos em mercados como Estados Unidos, Canadá e China. Encontradas na natureza sob a forma de light gás, as reservas estão incrustadas, sob a forma líquida, em rochas e areias, ou, em estado gasoso, em algumas minas de carvão.
A partir da experiência adquirida no exterior, técnicos da empresa alimentam expectativa de encontrar reservatórios de tight gás no Norte de Minas. Para isso, vão colocar em prática um cronograma, ao longo de 2011, que prevê 503 quilômetros de sísmica 2D (processo de pesquisa geológica). A expectativa é que o projeto conte com a parceria da Vale, que aguarda apenas autorização da ANP para assumir 40% de participação nos blocos.
O gás natural, esclarece Araújo, tornou-se prioridade para a Shell entre os combustíveis fósseis, nos próximos anos, para a transição até a massificação de opções alternativas como o etanol e a energia solar. Embora o executivo faça questão de prever a prevalência do petróleo nas próximas décadas, a companhia mantém- se atenta à realidade, marcada pelo menor acesso às reservas de hidrocarbonetos. “Até 2050, o consumo de energia deve dobrar no mundo, o que deverá sustentar o consumo de combustíveis fósseis ainda por um bom tempo. Por isso, acreditamos que há espaço para o crescimento de todas as fontes de energia”, avalia.
Sem comprador para Bem-Te-Vi
O executivo recorre não só aos planos de explorar gás natural, mas também às descobertas de petróleo do ano passado, para refutar as especulações de que a matriz mundial estaria insatisfeita com os rumos da empresa em território brasileiro. A suspeita foi levantada por especialistas do setor, em agosto do ano passado, diante do anúncio da venda de uma série de blocos na Bacia de Santos, até mesmo em reservatórios do pré-sal. Além do BMS-8, onde se encontra o prospecto Bem- Te-Vi, no pré-sal, a lista inclui BMES-28, BMS-45 e BS-4.
“Também vendemos blocos, na mesma época, no Canadá e nos Estados Unidos, assim como refinarias no Reino Unido. Nossa intenção era levantar US$ 7 bilhões para fazer frente a nosso plano de investimentos de US$ 30 bilhões por ano”, justifica o executivo, ao admitir que ainda não encontrou compradores para as participações.
Raizen inicia operação neste semestre
Recém-concluída a joint venture com a brasileira Cosan, maior produtora de etanol do país, a Shell Brasil não se sente atingida pelas críticas do governo que calaram fundo, nos últimos dias, nos empresários do setor sucroalcooleiro. André Araújo, presidente da subsidiária brasileira da petrolífera, afirma que a nova joint venture começa a operar ainda neste primeiro semestre, já sob a nova marca Raizen, o que inaugura um empreendimento que contribuirá, na prática, para ampliar a oferta de etanol do país a um ritmo de 60% a 70% ao ano até 2015.
Apesar da crise de abastecimento do produto, que se agravou no Brasil nos últimos meses, o executivo faz questão de descartar qualquer comparação com o apagão do álcool combustível ocorrido em 1989.
Hoje, justifica Araújo, a dificuldade de encontrar o produto nas bombas se deve à combinação perversa de comprometimento da safra de cana-de-açúcar pelas chuvas do último ano e da crise mundial de 2008, que adiou investimentos em diversos segmentos de atividade. “Nosso objetivo é fazer do etanol uma commodity mundial. E concordamos com a intenção do governo de dar ao etanol um tratamento de combustível.
No Mundo
A Shell fechou o 1º trimestre com lucro de US$ 6,3 bi
Exploração
No Brasil a empresa tem um total de 12 concessões
Em Campos
A participação da Shell no Bloco Parque das Conchas é de 50%
Exploração na Bacia de Campos será ampliada
Expansão do projeto Parque das Conchas tornou-se possível após descobertas no poço Massa, onde a Shell é sócia da Petrobras e da ONGC.
A Shell Brasil já trabalha com a perspectiva de viabilidade de uma terceira etapa do projeto do Parque das Conchas, no bloco BC-10 da Bacia de Campos. A possibilidade foi confirmada por uma das duas novas descobertas da empresa em águas brasileiras, em 2010. Presidente da Shell no país, André Araújo revela que a descoberta, em lâmina d’água de 2 mil metros, foi obtida coma perfuração do poço batizado de Massa, em homenagem ao piloto de Fórmula 1 Felipe Massa, patrocinado pela companhia. Operadora, a Shell detém 50% do bloco, que conta coma sociedade da Petrobras (35%) e da indiana ONGC (15%).
A petrolífera inicia neste ano a chamada fase 2 do projeto Parque das Conchas, que prevê a ampliação da produção de óleo pesado no BC-10. Para o empreendimento, a companhia dispõe desde março da plataforma Clyde Bodreaux, contr
atada junto à Noble Corporation, das Ilhas Cayman. A unidade, já utilizada no Golfo do México, começou a operar em abril em Campos.
O Parque das Conchas inclui, na primeira etapa, três campos, Ostra, Abalone e Argonauta- BW, em lâmina d’água de 1.780 metros. Com reservas de 1,1 bilhão de barris de óleo equivalente (Boe, medida que inclui petróleo e gás natural), superou a expectativa de produção da empresa para o Brasil, em 2010, junto como projeto Bijupirá-Salema, também na Bacia de Campos. A decisão de investir na Fase 2 foi tomada em setembro do ano passado, e deverá contribuir para a manutenção do atual patamar de produção das áreas.
Óleo pesado
“Juntos, os dois empreendimentos responderam pela extração e aproximadamente 100 mil barris por dia no ano passado, um volume 30% acima do esperado para o Brasil”, diz Araújo. Do Parque das Conchas, situado a 110 quilômetros do litoral Sul do Espírito Santo, a Shell produz um óleo do tipo pesado, de até 27 graus API. Em março, a companhia aportou no país a plataforma Clyde Boudreaux, operada pela americana Noble Corporation. Com a plataforma, a empresa dará seguimento à campanha exploratória no país, que prevê a perfuração de dez poços ao longo de 2011 e 2012.
A segunda descoberta promissora do ano passado ocorreu no BMS-54, na Bacia de Santos, no prospecto batizado de Gato do Mato. O desempenho do reservatório corrobora, de acordo com o executivo, as boas perspectivas da companhia no pré-sal de Santos. “As primeiras avaliações foram tão promissoras, que nos levaram a incluir as duas novas áreas no balanço do ano passado da companhia, em uma lista de nove das mais promissoras descobertas de todo o mundo”, diz o executivo, ao projetar a manutenção da liderança da Shell, pelo menos nesta década, entre as concorrentes da Petrobras na produção de hidrocarbonetos no Brasil.
A Shell fechou o primeiro trimestre com lucro de US$ 6,29 bilhões, 30%acima do obtido no mesmo perãodo de 2010. No Brasil, a companhia mantém um portfólio de 12 concessões exploratórias, das quais seis na condição de operadora e seis com 100% de participação. Também controla uma concessão em fase de desenvolvimento (BS-4), na Bacia de Santos, que inclui os prospectos de Atlanta e Oliva, e outras duas em produção, BC-10 e Bijupirá-Salema.