Levantamento do sindicato verificou presença maior de marítimas em empresas nórdicas que operam em AJB. Novos dados devem ser apresentados em setembro

Arquivo/Divulgação
Um levantamento do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante apontou que nenhum armador offshore ‘genuinamente brasileiro’ aparece na lista de empresas que mais empregam mulheres. O Sindmar verificou que quem emprega efetivamente profissionais do gênero feminino no setor de navegação no Brasil são principalmente empresas de cabotagem e do apoio marítimo que possuem capital no norte da Europa. O entendimento é que as companhias nórdicas seguem compliance mais voltado para critérios de equidade e diversidade. O sindicato pretende fazer uma atualização em setembro para chamar atenção dos empregadores quanto às disparidades encontradas.
“Há empresas no Brasil que não empregam nem mesmo uma oficial de marinha mercante. Vamos expor isso e vamos buscar de todas as formas que essas empresas passem a ter atuação mais adequada aos dias atuais”, afirmou o presidente do Sindmar, Carlos Müller, durante painel da Navalshore sobre formação de marítimos, na última quarta-feira (21), no Rio de Janeiro.
O indicador ‘Sindmar Mulheres’, que busca medir percentuais de como empresas se comportam quanto ao emprego de mulheres, verificou que, em linhas gerais, o Brasil se posiciona próximo dos países que possuem índices mais significativos. A média hoje é de 12,8% de empregos de oficiais do sexo feminino em embarcações brasileiras e estrangeiras que atuam em águas jurisdicionais brasileiras (AJB).
Olhando para o panorama internacional, o Sindmar observa que o percentual médio é de apenas 1,57%. Segundo Müller, esse indicador sobe em países com políticas de proteção da marinha mercante nacional, como os Estados Unidos (Jones Act, 1920), que tem 13% de mulheres empregadas. Na Noruega, além de medidas protetivas, o país possui uma indústria pujante de navios de cruzeiros que tem perfil de empregar mais mulheres, chegando a aringir 15% de percentual.
O Sindmar também identificou que, nos últimos cinco anos (2019-2023), a formação de marítimos no Brasil teve em torno de 20% de mulheres. Müller explicou que o percentual de participação de mulheres em cada empresa também leva em conta a análise de critérios adicionais. Por exemplo, se mulheres têm possibilidade de ocupar todos postos da carreira, se há mulheres em posições de comando e chefia e se a empresa assina acordo coletivo de trabalho (ACT) com previsão de licença gestante.
Fonte: Portos e Navios