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Clippings - 07/08/09

Sindmar vê excesso de oferta de oficiais no setor marítimo

Estudo estima taxa de evasão bem menor que a projetada pelo Syndarma.

Pesquisa encomendada pelo Sindmar (Sindicato Nacional de Oficiais da Marinha Mercante) revela que, ao contrário do que se imaginava, o transporte marítimo conta com um excedente de mão-de-obra de oficiais, situação que deve permanecer até 2013, mesmo num cenário de incorporação de navios à frota nacional e de evasão de marítimos hoje na ativa.

Até o final de dezembro, a superoferta no mercado deverá ser de 101 profissionais; em quatro anos, o excedente sobe para 254. Os números incluem o universo de embarcações offshore, de apoio marítimo e cabotagem que será entregue ao tráfego no curto e médio prazo.

As conclusões da pesquisa Projeções e Cenários para o Mercado de Oficiais de Marinha Mercante até 2013 foram apresentadas ontem, dia 6, no Rio de Janeiro, pelos professores Narcisa Maria Gonçalves dos Santos e Marcelo Rubens dos Santos do Amaral, ambos do Departamento de Estatística do Instituto de Matemática e Estatística da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

As bases de dados utilizadas foram da DPC (Diretoria de Portos e Costas), órgão da Marinha que tem a prerrogativa de formar oficiais, do Sindmar, e da armação. Segundo informações dos armadores, a perspectiva é que 21 embarcações entrem no tráfego neste ano; em 2013, outras 33 devem ser incorporadas à frota.

O cenário é absolutamente confortável. Esse estudo é um chamamento à razão, disse o presidente do Sindmar, Severino Almeida (na foto).

Presente à apresentação, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, questionou o índice de evasão considerado no trabalho. Em 2005, último ano que foi possível aferir o dado, a taxa ficou em 26,42% (dos 265 formandos, 195 estavam em atividade à época).

A projeção para os próximos exercícios leva em conta um acréscimo de 1,084% de evasão sobre o número de formandos de cada turma. Para Machado, o patamar real está bem acima disso. É muito mais. Deve-se levar em consideração que existem dois momentos de evasão do marítimo.

O primeiro, explicou, é quando o oficial acaba de se formar e, por algum motivo, não quer seguir a carreira. O segundo ocorre mais para frente, depois que o profissional já tem um certo tempo de mar e, por alguma razão, se frustra, largando a carreira – o salário de um oficial recém-formado está em torno de R$ 5.500,00.

O presidente da Transpetro, o maior cliente da indústria naval brasileira, avalia que este último aspecto pode ter sido deixado de lado no estudo. O tempo de formação de um oficial é de quatro anos e é prerrogativa do Ciaga e do Ciaba, unidades de formação da Marinha, consideradas centros de excelência universitária.

O levantamento do Sindmar vai de encontro ao encomendado pelo Syndarma (Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima) no ano passado. Intitulado Diagnóstico da Disponibilidade de Oficiais de Marinha Mercante de 2008 a 2013, aponta que 456 oficiais estão em falta no mercado de trabalho atualmente e, se nada for feito, em 2013 a escassez será de 1.419 oficiais. Neste levantamento, a taxa de evasão anual é de 68%.

Não podemos tropeçar num programa por falta de pessoal, disse o presidente do Syndamar, Hugo Figueiredo, presente ao evento.

Não estou questionando a metodologia do estudo do Sindmar, apenas destacando que o Brasil vai precisar de navios para movimentar tanto o petróleo do pré-sal como as cargas de exportação. O futuro chegou muito rápido para nós. Se não tivermos navios próprios, serão de terceiros, afirmou Machado, da Transpetro.

Para o presidente do Sindmar, Severino Almeida, há duas premissas básicas do setor marítimo nacional: a manutenção da exclusividade de formação de mão-de-obra pela DPC e a reserva do mercado aos marítimos brasileiros para tripular embarcações. Tais prerrogativas podem ser mantidas mesmo num cenário de evasão maior da que o estudo aponta, finalizou.