Projeto básico de renováveis é levado à Finep para planta piloto, mas ainda não há decisão para projeto final

A SSOil Energy se prepara para dar entrada no licenciamento ambiental de um projeto de expansão que prevê dobrar sua capacidade de produção. Também até o final do ano levará ao órgão ambiental projeto para uma planta de combustíveis renováveis, SAF e HVO.
Os investimentos estimados no projeto de expansão somam R$ 270 milhões para expansão. A empresa já adquiriu uma área ao lado da unidade existente para abrigar um novo módulo de refino.
A pequena refinaria de Coroados, no noroeste paulista, atende à aquecida demanda do agronegócio, com vendas para o Centro-Oeste e arredores. Atingiu capacidade máxima em 2024, quando cumpriu exigências da ANP relacionadas à tancagem. Ao aumentar a capacidade de tancagem, a SSOil passou a produzir 12,5 mil barris diários, dos quais 75% gasolina e o restante dividido entre diesel e óleo combustível.
O CEO da companhia, Ricardo Moura, no entanto, faz ressalvas quanto aos projetos e ao programa de investimentos.
“Vamos avançar em licenciamento, mas a implantação efetiva vai depender de entendermos qual a política e se existe uma política para o refino brasileiro”, afirmou, criticando a estratégia comercial da Petrobras, que deixou a paridade internacional como única referência de preços dos combustíveis.
Busca de parceiro e prestação de serviço
O projeto de SAF e HVO, desenvolvido com professores da UFRJ, prevê uma planta piloto e outra definitiva, modular. Os desafios para o mercado de renováveis são ainda maiores do que o de derivados fósseis, lembra Moura. A companhia tem parceiros de peso para tocar o projeto.
O projeto básico está finalizado e está sendo apresentado à Finep para a construção da planta piloto na unidade da SSOil. São necessários R$ 25 milhões para a planta piloto e R$ 200 milhões para a planta modular de 50 mil m3 por ano, que pode ser expandida em novos lotes de 50 mil m3.
“Estamos em uma fase de pesquisa, de discussão com agentes financiadores, não temos decisão ainda sobre evoluir dessa fase”
A localização da SSOil é estratégica para obtenção de insumos para uma planta de combustível renovável, bem no coração da produção agrícola, incluindo Paraná e triângulo mineiro, região grande produtora de óleo vegetal.
Incertezas ameaçam projetos
Mas as incertezas regulatórias e a inexistência, por enquanto, de política pública, segundo Moura, impedem uma decisão firme pelo projeto. O custo de produção de renováveis, bem mais elevado, encontra resistência entre os consumidores.
Em meio às incertezas do mercado, contudo, a empresa vai tocando o licenciamento ambiental. E busca um grande parceiro para quem possa prestar serviços. “Estamos batendo na porta dos grandes (…) o interesse é vender o serviço. Assim saio do risco regulatório, do risco de preço e vou fornecer esse produto exportado”
A refinaria começou a operar em 2022, no governo de Jair Bolsonaro, que privatizou refinarias da Petrobras. O plano era desconcentrar o mercado e atrair capital privado, como o da SSOil.
A refinaria resiste à concorrência da gigante Petrobras justamente porque procura não concorrer com ela. Moura afirma que atua somente no spot, como fornecedor complementar.
“Temos um conceito importante; não quero ser primeiro fornecedor de nenhum dos meus clientes; quero ser o segundo fornecedor e que a Petrobras seja a primeira, importadores, os grandes sejam os primeiros”.
Outro trunfo, segundo o CEO, é o custo de refino, que ele diz ser o menor do País, sem, contudo, dar números.
A SSOil Energy possui autorização de operação da ANP para atuar como refinaria de petróleo desde outubro de 2021. Porém, essa autorização restringia os volumes diários de produção de gasolina e óleo diesel, com base em uma limitação prevista na legislação atrelada à capacidade de tancagem.
A empresa então providenciou a infraestrutura requerida e passou a produzir, no ano passado, no limite de sua capacidade instalada. A empresa compra petróleo de Urucu, da Petrobras, para processar e produzir gasolina, diesel e óleo combustível.
Fonte: Revista Brasil Energia