Com oferta de gás natural garantida para os próximos anos a partir da operação dos gasodutos Gasene e Pilar-Ipojuca, em 2010, a Copergás começa a traçar sua expansão para o quadriênio 2011-2014 de olho nas oportunidades de negócio trazidas pelo Complexo de Suape.
De acordo com seu plano estratégico, a distribuidora pernambucana já tem um volume de vendas contratado para esse perãodo da ordem de 600 mil m3/dia, mas que poderá superar 3 milhões de m3/d se vingar a negociação com a Petrobras para fornecimento à RNEST. Se for adiante, o negócio mais que dobrará o volume atualmente fornecido pela concessionária, da ordem de 2,3 milhões de m3 diários.
Diante do crescimento da demanda contratada, a Copergás prevê investir cerca de R$ 120 milhões no perãodo, num ritmo de aportes de R$ 30 milhões por ano. A ideia é construir, ao todo, cerca de 135 km de redes, crescimento de 30% em relação aos atuais 450 km já instalados.
O principal projeto em carteira é o fornecimento à Petroquímica Suape, já a partir deste semestre. A previsão é que a unidade consuma, sozinha, 300 mil m3/d – ou seja, metade do volume contratado com a Copergás para os próximos quatro anos. Para levar gás à companhia estão sendo implementados 3 km de rede, de 12” de diâmetro, a partir da atual rede de distribuição da companhia na região de Suape.
Interiorização continua
Também está prevista pela Copergás a continuidade do plano de interiorização. Na região do Alto Capibaribe, no Agreste pernambucano, a companhia tem como meta concluir até 2014 o ramal de 40 km destinado a abastecer o polo têxtil da região, nos municípios de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama. A estimativa é que o mercado potencial da região gire em torno dos 100 mil m3/d.
Enquanto a rede não chega, a companhia pretende levar gás via GNC, a partir da base de compressão de Caruaru. “O gasoduto Recife-Caruaru será um fomentador de novos empreendimentos no interior do estado”, destaca o diretor Técnico-Comercial da distribuidora, Jailson Galvão.
Os planos de interiorização incluem ainda o fornecimento ao polo gesseiro do Araripe, região que concentra a maior reserva florestal de caatinga do mundo. A companhia planeja iniciar no segundo trimestre o projeto piloto para levar GNC à indústria de gesso da região, no sertão de Pernambuco.
No momento, a Copergás está concluindo a instalação de queimadores numa das fábricas de gesso, que deve consumir inicialmente 5 mil m3/d. Até o fim de 2014, a meta é aumentar para 50 mil m3/d o fornecimento ao polo, cujo potencial de consumo é estimado pela companhia em 200 mil m3/d.
Gás para residências
Já na região metropolitana de Recife, o foco da Copergás é o segmento residencial. A expectativa da distribuidora é aumentar em dez vezes esse nicho de mercado, para cerca de 30 mil unidades consumidoras conectadas até 2014.
Somente em 2011, a companhia pretende mais que dobrar o número de clientes residenciais, dos atuais 3,3 mil para cerca de 7,3 mil. Além da região metropolitana, a Copergás prevê explorar esse nicho de mercado no município de Caruaru.
RNEST, a menina dos olhos
A Copergás aguarda com grande expectativa o desfecho da negociação com a Petrobras para fornecimento à RNEST, que, sozinha, tem potencial para consumir 2,5 milhões de m3/dia a partir de 2013. Em jogo está a definição de quem construirá a rede de abastecimento à unidade de refino.
Com base na recém-regulamentada Lei do Gás, há duas possibilidades de suprimento à refinaria: ou a Petrobras solicita à Copergás a construção de uma rede de distribuição até a RNEST e paga pelo gás produzido por ela própria – somado a tributos e margens da distribuidora embutidos – ou constrói sua própria rede, conectando-a ao Gasene e ao Pilar-Ipojuca.
No segundo caso, a Petrobras adquiriria o gás a um preço ex-city gate, mas teria de pagar tarifas de operação e manutenção à Copergás. Isso porque, de acordo com o novo marco regulatório para o setor, consumidores finais que desejarem construir uma rede de distribuição própria até gasodutos de transporte deverão, obrigatoriamente, pagar tarifas de O&M às distribuidoras.
Além do fornecimento à RNEST, a Copergás aguarda ansiosamente para este ano a definição da Petrobras sobre a possível instalação de uma planta de GNL em Suape.
No lugar de gasoduto, a Transnordestina
Desejo antigo da Copergás, mas fora de seus planos em curto e médio prazos, a construção do gasoduto Caruaru-Araripina ainda tem futuro incerto. A concessionária já anunciou que garantirá o suprimento ao sertão pernambucano inicialmente via GNC, mas vê com bons olhos novas possibilidades logísticas de distribuição a partir da expansão da ferrovia Nova Transnordestina.
“A ferrovia poderá ser utilizada para transporte de gás natural comprimido a partir de 2014 e tornar-se mais um fator viabilizador do projeto de fornecimento à região”, comenta Jailson Galvão, diretor Técnico-Comercial da distribuidora.
A expansão da Nova Transnordestina prevê a conexão, em um de seus diversos trechos, de Suape (PE) a Eliseu Martins (PI), passando pelo sertão pernambucano. Se for mesmo usada para transporte de GNC, a ferrovia poderá evitar a construção de um gasoduto de mais de 500 km para abastecer o polo gesseiro da região, cuja demanda potencial é de 200 mil m3/d.