
Atualmente, abastecimento de embarcações com esse sistema é feito apenas com navios atracados no complexo portuário pernambucano
A administração portuária do Porto de Suape (PE) iniciou estudos para oferecer operações offshore de transbordo com navios fundeados na área de seu espelho d’água. O projeto das operações ship to ship de Suape prevê uso de boias fixas, correias e âncoras presas por blocos de concreto, para garantir a estabilidade das embarcações, e o aproveitamento das vantagens de segurança oferecidas pelo canal interno do porto, no lado oposto ao cais 5. Hoje, o abastecimento de embarcações com esse sistema é feito apenas com navios atracados no porto pernambucano. Segundo a administração portuária, tem sido registrado crescimento pelo serviço, tendo sido realizadas 133 transferências do tipo de janeiro a junho de 2025, contra 86 feitas no mesmo período de 2024.
O uso comercial de espelhos d´água nas áreas de portos foi autorizada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) na resolução 127, divulgada em abril e que entrou em vigor em 1º de maio. A norma permite às administrações portuárias usar as “áreas molhadas” do porto ou assinar contratos com terceiros para esse uso.
O diretor de desenvolvimento e gestão portuária do Complexo Portuário de Suape, Rinaldo Lira, informou que os estudos iniciais estão sendo feito com apoio de da Universidade de São Paulo (USP). No primeiro momento, os especialistas fazem simulações em busca de identificar o melhor ponto para a instalação do sistema de boias fixas para estabilização dos navios.
Hoje, a operação de transbordo de derivados de petróleo produzidos pela Refinaria Abreu Lima é feita em Suape para navios da Transpetro atracados. Com a oferta de operações ship to ship, explicou Lira, além de aumentar a capacidade do terminal para transferência de combustíveis, haverá maior disponibilidade para movimentação de outros granéis e melhor aproveitamento dos berços do porto.
A expectativa da administração portuária é que a instalação das boias fixas e o início das operações ship to ship sejam já em 2026, logo depois que for terminada a dragagem do canal de acesso a Suape. De acordo com Lira, quando o serviço for concluído, o canal interno passará a ter calado de 16 metros e o externo, de 20 metros, o que permitirá receber embarcações de maior porte. Mas, antes de iniciar a oferta dos serviços, a administração portuária terá que submeter o projeto à aprovação da Antaq e da Capitania dos Portos de Pernambuco. Além disso, está prevista negociação com a praticagem para que sejam definidas as condições operacionais de segurança ideais e quais procedimentos serão necessários para que o transbordo seja feito sem risco.
Ele explicou que a definição final do projeto dependerá também da aprovação da Transpetro, empresa com a qual Suape mantém contratos para o transbordo de combustíveis e que será responsável pelos investimentos para a instalação da estrutura que permitirá o início do ship to ship. Segundo Lira, há interesse da subsidiária da Petrobras em aumentar sua movimentação de combustíveis no porto de Pernambuco, o que justifica o aporte para viabilizar os serviços.
De acordo com o diretor, um dos motivos para ampliar de operações ship to ship na região é a necessidade de acompanhar o crescimento da produção de derivados de petróleo que será resultado da ampliação da Refinaria Abreu Lima. Ele disse que o refino na unidade vai passar dos 130 mil barris por dia atuais, para 260 mil barris por dia.
Além disso, Lira citou a localização de Suape, mais perto da Europa, da América do Norte e da Ásia do que portos do Sudeste e do Sul central na costa nordestina, como fator que justifica a ampliação dos serviços de transbordo de combustíveis, seja para as exportações da Petrobras e de outras empresas seja para abastecimento de navios de cabotagem que atracam ou passam por Pernambuco. “De Maceió, em Alagoas, ao Rio Grande do Norte, Suape é o ponto médio, o que atrai embarcações que navegam pelo Nordeste”, disse Lira.
Ele previu que em futuro próximo o terminal pernambucano será também polo de distribuição de combustíveis limpos como consequência da instalação no Complexo de Suape de duas fábricas de e-metanol. Uma será da empresa GoVerde, que recebeu em junho autorização para instalação, e outra da European Energy, cuja licença ambiental foi concedida na semana passada pelo governo de Pernambuco.
Lira lembrou que os grandes armadores que operam no transporte marítimo internacional a partir do Brasil, para renovação de suas frotas, estão encomendando embarcações híbridas, para atender às normas internacionais para redução de emissão dos gases do efeito estufa (GEE). Ele disse que movimento semelhante tende a ocorrer na cabotagem e, por sua localização e pela existência das fábricas de e-metanol em seu complexo, Suape, que já é um hub logístico de granéis líquidos, será também ponto de abastecimento de combustíveis limpos.
Fonte: Revista Portos e Navios